"Também podem pedir que haja Natal". A frase de Rui Rio em resposta àqueles que querem acelerar o processo de escolha de uma data para eleições diretas no partido foi dada este sábado à entrada para o Conselho Nacional de Barcelos. À chegada a Barcelos, o líder do PSD disse que ele próprio e a Comissão Política Nacional (CPN) é que decidem.
Corpo do artigo
Rui Rio chegou a Barcelos para ouvir e afastou a possibilidade de a proposta das distritais vingar no Conselho Nacional que se realiza este sábado. Recorde-se que 17 das 19 distritais assinaram um documento que vão apresentar no Conselho Nacional para que Rui Rio apresse a realização de diretas.
Na resposta, Rio pediu calma: "Eu fui ouvir a CPN e agora quero ouvir o Conselho Nacional. Em função do que ouvir do Conselho Nacional, logo apresentaremos proposta coincidente com aquilo que possa ser a vontade maioritária e transversal do Conselho Nacional. Isto é para fazer com calma, com tranquilidade, com serenidade e com maturidade".
Questionado sobre se concorda com a proposta já tornada pública, o líder do PSD foi taxativo: "Também podem pedir que haja Natal, também podem pedir que haja Páscoa, é evidente que vai haver um Congresso e diretas, isso eu já disse. Agora, estatutariamente, é a CPN e o presidente do partido que têm de decidir isso. Podem entrar na mesa 1001 propostas mas não têm poder. Esse poder está do lado da CPN e do presidente do partido".
Proposto congresso antes das diretas
Uma das surpresas da tarde foi o anúncio de Cristóvão Norte, deputado e líder da distrital de Faro, de que vai apresentar ao Conselho Nacional uma proposta de realização de um congresso extraordinário antes das eleições diretas.
O objetivo, segundo o próprio revelou à entrada para o Conselho Nacional, é aprofundar a discussão sobre o papel do partido na sociedade portuguesa e as razões que conduziram ao divórcio com a maioria dos portugueses: "Quem não é capaz de discutir, quem não é capaz de se abrir, não se projeta e diminui-se. O problema do PSD é que o PSD hoje tem tempo e tem de saber aproveitar com inteligência esse tempo, não é querer fazer as coisas como fez no passado".
Para o algarvio, é importante que o PSD "não abdique de discutir qual o seu papel na sociedade portuguesa, que afirmação quer projetar e compreender as causas que estão para além desta liderança que conduziram o partido a uma estagnação eleitoral".
Críticos presentes
Refira-se que Luís Montenegro, um dos nomes mais falados para suceder a Rui Rio, não participa no Conselho Nacional. Já Miguel Pinto Luz, outro dos nomes, limitou-se a dizer à entrada que está "feliz" por regressar ao Conselho Nacional.
Outro dos nomes falados é Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, conotado com a ala dos apoiantes de Rui Rio. À entrada, o aveirense disse que falta saber a data das diretas para "fixar o momento da decisão" sobre se avança ou não. Para já está inclinado para "aprofundar a ponderação" e considera "muito importante" ouvir os conselheiros hoje.
O deputado Pedro Rodrigues, um dos principais críticos da direção de Rui Rio, lamentou que já tenham passado três semanas "e o partido ainda não foi capaz de fazer uma autocrítica sobre as razões que conduziram ao divórcio profundo que as últimas eleições revelaram que temos com a sociedade portuguesa". Pedro Rodrigues fala de um partido "em estado de paralisia" que precisa de discutir "qual é o seu posicionamento na sociedade portuguesa".