O presidente do PSD, Rui Rio, está a ouvir duras críticas à estratégia eleitoral seguida pelo PSD para as eleições de 30 de janeiro, que o partido perdeu. Cristóvão Norte, da distrital de Faro, e Pedro Alves, da distrital de Viseu, foram os mais incisivos.
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"Enquanto o António Costa se diz de Esquerda, o doutor Rui Rio diz-se de tudo menos de Direita", apontou Cristóvão Norte, líder do PSD de Faro, que chegou ao Conselho Nacional de Barcelos com a proposta de realização de um congresso extraordinário para debater o papel do partido na sociedade.
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No discurso à porta fechada, Cristóvão Norte analisou o desempenho eleitoral do PSD nas eleições de 30 de janeiro e apontou a necessidade de o PSD se afirmar: "Estive com um militante que há dias me dizia 'hoje não me atrevo a dizer as razões pelas quais estou no PSD'". O algarvio disse ainda que o PSD perdeu capital político por não ter sido afirmativo na relação com os partidos de Direita: "Temos um acordo com o Chega nos Açores, mas fomos prejudicados pela nossa ambiguidade, pela nossa tibieza, por não nos afirmarmos de forma clara".
Já Pedro Alves, presidente da distrital de Viseu, disse que a "tragédia eleitoral do PSD é certamente também uma tragédia eleitoral para o país com quatro anos do PS com maioria absoluta". Pedro Alves lembrou que nas eleições de 2019 "os sinais estavam lá", referindo-se à opção de ignorar os partidos à Direita do PSD: "Era necessária uma estratégia diferente. Ignoramos as coligações e era muito importante a presença do CDS na Assembleia da República. A estratégia não foi a mais correta".
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Pedro Alves questionou ainda a autoridade de Rui Rio ao manter-se até julho à frente do partido: "Quando anunciamos lá fora que estamos de saída, a autoridade política perde-se. Estamos aqui sem dizer nada aos portugueses, o PSD não pode ficar fora do jogo político". O viseense sublinhou ainda que "é preciso que as diretas aconteçam até ao final de abril", tal como propõem 17 das 19 distritais numa proposta apresentada ao Conselho Nacional. A indicação desta proposta é que o sufrágio interno aconteça no máximo "em 70 dias" a contar deste sábado.
Perante as críticas, houve quem sentisse necessidade de intervir para defender Rui Rio. Foi o caso de Arlindo da Cunha, ex-ministro da Agricultura de Cavaco Silva e apontado como ministro da mesma pasta caso Rio tivesse vencido. "Não vejo que líder teria feito melhor que o doutor Rui Rio neste momento. É merecedor do nosso respeito e reconhecimento".