Plano de Ação quer dar sustentabilidade aos processos produtivos do têxtil e calçado. Arranca em meados de 2022 e prolonga-se até 2025.
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Os resíduos e subprodutos de várias indústrias, incluindo a agroalimentar, vão ser utilizados no fabrico de roupa e calçado. A medida está incluída no Plano de Ação para a Bioeconomia Sustentável (PABS), cujas ações no terreno começam em 2022 e pretendem substituir os recursos fósseis por outros de base biológica, sem abusar do uso destes bens naturais.
No têxtil e vestuário, por exemplo, é possível utilizar biomassa fibrosa feita de compostos agrícolas ou fibras naturais com base em banana, ananás ou outros restos do setor agroalimentar.
No calçado, é possível criar bioprodutos para curtume e biocouros, para além de biofibras e bioplásticos ou biocompósitos para palmilhas e solas. Os resíduos de outras indústrias, como o colagénio, a cortiça ou extratos de plantas também podem ser valorizados para o fabrico de calçado. A investigação científica para desenvolver mais possibilidades ligadas à economia circular também constitui um dos eixos do PABS.
O ecodesign, essencial para que todas as fases de produção sejam sustentáveis, vai ser promovido nos dois setores, assim como a reciclagem dos produtos pós-consumo.
O PABS destina 71 milhões de euros para o têxtil e vestuário, 41 milhões para o calçado e 17,5 milhões para a resina natural. Estes cerca de 130 milhões de euros são financiados por fundos europeus do Plano de Recuperação e Resiliência.
Para além do reaproveitamento de recursos, o PABS prevê criar uma plataforma digital que minore e torne eficaz o uso de recursos virgens. Os produtos biológicos terão rótulo próprio e será avaliada a introdução de incentivos fiscais para quem substituir recursos naturais não renováveis por outros de base biológica e sustentável.
também cria EMPREGO
Tudo isto vai requerer estruturas intermédias de transporte e transformação de resíduos e subprodutos "que são mesmo novas atividades" e, como tal, "fomentam a criação de emprego", sublinha, ao JN, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes.
O concurso para a constituição de consórcios atraiu mais de 200 entidades divididas por quatro consórcios: um do têxtil, outro do calçado e dois para a fileira da resina natural. O Ministério deverá aprová-los até janeiro e as ações arrancam em meados de 2022, prolongando-se até 2025. "Estamos a falar de centenas de entidades que vão desde os centros tecnológicos às universidades e às empresas", assinala Matos Fernandes. O plano entrou, esta sexta-feira, em consulta pública e estará em debate nos próximos 14 dias.