O presidente do PSD e recandidato ao cargo anunciou, esta terça-feira, que não irá fazer campanha para as diretas de 27 novembro para se concentrar nas eleições legislativas e na oposição ao PS e Governo.
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"Entendo que, enquanto presidente do PSD e no pleno exercício do seu mandato, compete-me prioritariamente preparar o partido para as eleições nacionais e não para a disputa interna", afirmou o social-democrata durante uma conferência de imprensa na sede do partido, no Porto.
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Para Rui Rio, o mais importante é o PSD não desperdiçar a possibilidade de ganhar as eleições ao PS. E, isso, acrescentou, exige uma "concentração total e absoluta, em consonância com a enorme responsabilidade que assume quem quer governar Portugal".
Afirmando que, para concretizar a sua estratégia, precisa de tempo e disponibilidade, Rui Rio ressalvou que a sua obrigação é concentrar a atividade nas funções de presidente do PSD, seja na oposição direta a António Costa, seja na organização da campanha eleitoral para as legislativas de janeiro de 2022.
Questionado sobre se não tenciona participar em debates com o adversário Paulo Rangel, no âmbito da disputa da liderança, Rui Rio disse que não e que "os debates, em cima das legislativas, podem até ser prejudiciais ao partido". Sobre se essa sua posição não poderá ser entendida como medo de enfrentar o adversário, Rui Rio, que não conteve as gargalhadas, questionou: "Medo de quê? Quantos debates já não fiz na vida? Com quantas pessoas já não debati?".
O social-democrata reafirmou que dizer que se quer governar Portugal é de uma responsabilidade enorme e, desse modo, o que lhe compete fazer neste momento é construir um programa com "competência e seriedade" e que seja exequível para não chegar ao Governo e dizerem que é "igual aos outros porque prometeu e não cumpriu".
"Estou plenamente convencido de que serei muito mais útil ao meu partido e ao meu país se, em lugar de alimentar uma disputa interna, dedicar o meu trabalho ao reforço da posição do PSD na sociedade, a tão escasso tempo de eleições", frisou.
Contudo, Rui Rio admitiu que abrirá uma exceção relativamente à Região Autónoma da Madeira, onde, no âmbito dos contactos que irá fazer para se inteirar dos principais problemas da região no quadro das eleições nacionais, poderá ter um contacto exclusivo com militantes do PSD.
Aquele que está em melhores condições para derrotar António Costa sou eu
"É inequívoco que aquele que está em melhores condições para derrotar António Costa sou eu, mal fora se assim não fosse, depois de andar a construir este caminho há quatro anos", referiu o social-democrata, argumentando que "quem foi a eleições 30, 60 ou 90 dias depois de ter chegado não teve tempo de se afirmar".
Logo, "mais importante do que andar a mostrar-se dentro do PSD", é preparar o partido para o que realmente é importante, que são as eleições legislativas, reforçou. "Os militantes do PSD conhecem-me há muitos anos. Estão, por isso, capazes de avaliar quem é que, neste momento, tem melhores condições para derrotar António Costa e ser o novo primeiro-ministro de Portugal", acentuou.
O social-democrata aproveitou ainda para reafirmar que considera "totalmente desadequado" que o PSD tenha antecipado o seu congresso para antes das próximas eleições legislativas.
Entre várias razões enumeradas, Rio referiu que o mandato da atual direção do partido só termina em fevereiro e as eleições nacionais ocorrem antes, ou seja, em janeiro. Além disso, lembrou a "vantagem enorme" que o PSD dá ao PS que, não estando em disputas internas, pode desde já fazer a sua campanha eleitoral junto dos portugueses, enquanto o PSD se "guerreia internamente".
Entrevista de Costa foi "acima de tudo campanha eleitoral"
O presidente do PSD considerou que a entrevista do primeiro-ministro à RTP, na segunda-feira, foi "acima de tudo campanha eleitoral" e vem dar-lhe razão ao centrar as atenções nas legislativas em detrimento das diretas no partido.
"A entrevista do primeiro-ministro de ontem [segunda-feira] só me dá razão, o que fez ontem o primeiro-ministro na televisão foi campanha eleitoral, pois bem, aquilo que me compete é, justamente, fazer um papel igual àquele que ele está a fazer", vincou, afirmando que ambos vão ser candidatos a primeiro-ministro nas legislativas.
Essa foi uma das razões apontadas para ter decidido centrar as atenções nas legislativas, falando ao país, organizar a campanha eleitoral e "elaborar um programa de governo equilibrado, exequível, com tempo e ouvindo as pessoas".