O presidente do PSD defendeu esta quarta-feira que o Ministério Público deve estar "muito atento" aos ajustes diretos que forem feitos no âmbito da pandemia de covid-19, considerando "inadmissível" que possa ter havido uma tentativa de "privilégio de amigos".
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Em entrevista a um canal de televisão, Rio foi questionado sobre uma notícia segundo a qual o Ministério da Saúde está a fazer negócios milionários por ajuste direto, sem publicar ou assinar contrato escrito, com fornecedores de equipamentos de proteção individual, tais como máscaras e álcool em gel, num montante total de 79,8 milhões de euros entre de meados de março e 23 de abril
"Vejo não é mal, é muito, muito mal. Uma coisa é percebermos que o Estado e as autarquias, no auge da pandemia, têm de comprar mascaras, testes e não podemos fazer um concurso público e ficar meses à espera. Coisa diferente é quando não é um ajuste direito de milhares de euros, mas de milhões, e depois é do amigo daqui ou dali", afirmou.
O líder do PSD disse estar "muito preocupado" com esta possibilidade e considerou "inadmissível" se "alguém começa a privilegiar uns amigos ou começa a tentar ganhar dinheiro" com a doença.
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"Se isso aconteceu ou vier a acontecer, acho altamente reprovável e no PSD vamos estar muito atentos - para dentro e para fora, para os do meu partido ou de outro - e o que eu espero é que o Ministério Público esteja muito atento", apelou.
Questionado sobre a situação do secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo, que confirmou ter sugerido a empresa de ex-sócio para testes à covid mas negando o favorecimento, Rui Rio disse não querer pronunciar-se sobre casos concretos.
"Não vou fazer de juiz, pode ter sido feito com má intenção ou por ser um dos poucos fornecedores que existia, não quero falar sobre nenhum caso em concreto", afirmou.
O Ministério da Saúde comprometeu-se na terça-feira a divulgar um relatório com os "procedimentos elaborados por ajuste direto" para combater a pandemia, com as respetivas razões que justificaram "a impossibilidade" de recorrer a "outro tipo de procedimento".
Equipara media a fábricas de "móveis ou sapatos"
Rio voltou a criticar os apoios previstos pelo Governo à comunicação social, que passam pela compra antecipada de publicidade paga para compensar a perda de receitas publicitárias devido à pandemia de covid-19.
"As empresas de comunicação social são empresas iguais às que fabricam móveis, sapatos, têxteis. Se têm uma dificuldade, devem ter todos os apoios que existem para todas as empresas", afirmou, dizendo discordar de uma subsidiação especial.
Rio admitiu, contudo, que pode ser "mais simpático dar dinheiro à comunicação social", uma vez que o Governo precisa deste setor para "passar a sua mensagem".
"Mas isso não é um argumento de interesse nacional, é mais partidário", apontou.