Objetivo é identificar pacientes positivos que na fase de admissão tinham o vírus indetetável. Avançam projetos-piloto de testagem aos profissionais.
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A partir da próxima terça-feira, o Hospital de S. João, no Porto, começa a testar para a covid-19 todos os doentes ao quinto dia de internamento. Uma medida inovadora para evitar surtos nas enfermarias "não covid", numa altura em que a transmissão na comunidade está muito elevada. Os acompanhantes das crianças também passam a ser testados todas as semanas e nos serviços de oncologia (pediátrico e de adultos) vão arrancar dois projetos-piloto de testagem dos profissionais de saúde (ler caixa).
Antes da admissão para internamento, todos os pacientes são testados, mas há casos em que o resultado é negativo e só mais tarde é que a doença é detetável (devido ao período de incubação). "Têm aparecido doentes que se tornam positivos já no internamento e que eram negativos à admissão", explica Carlos Lima Alves, coordenador da Unidade de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistências a Antimicrobianos (UPCIRA) do hospital.
Mais 40 a 50 testes por dia
Numa fase em que a transmissão do vírus na comunidade está elevada - ontem só a região Norte somou 3006 novos casos - urge rastrear os internados antes que se tornem contagiosos.
"Queremos identificar estes doentes muito precocemente antes de constituírem risco para os outros doentes e profissionais que estão no hospital", realçou Carlos Lima Alves. A implementação desta medida implica a realização de mais 40 a 50 testes por dia.
A escolha do quinto dia segue recomendações internacionais. "Para estarem infetados antes de entrarem e terem teste negativo, admitimos que foram contagiados dois ou três dias antes", refere o especialista. Somando mais cinco dias àqueles dois ou três atinge-se a fase em que é detetada a maioria dos casos positivos.
pais de crianças testados
Os testes são feitos a todos os doentes ao quinto dia de internamento, excluindo os do Serviço de Neonatologia ou bebés até 28 dias, os casos recuperados de covid-19 e os que fizeram teste nas 24 horas anteriores. As colheitas são feitas pelos enfermeiros do serviço onde o doente está internado, sem implicar deslocações ou adiamento/cancelamento de procedimentos.
"É provável que, em julho ou agosto, esta medida não tivesse eficiência e que 99% dos testes dessem negativo. Mas agora temos a perceção de que vão surgir casos positivos ao quinto dia", admite Carlos Alves.
O centro hospitalar determinou também que os acompanhantes das crianças que já são testados na admissão passam a fazer testes antigénicos (rápidos) de sete em sete dias.