O último debate, que colocou frente a frente Paulo Portas e Heloísa Apolónia, acabou com o líder do CDS-PP a desmontar as propostas-bandeira do programa eleitoral da CDU. A deputada d'Os Verdes também atacou o centrista: "a demissão irrevogável foi uma das situações mais caricatas dos últimos tempos".
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Paulo Portas estimou em 28 mil milhões de euros "nacionalizar os setores estratégicos", como consta no programa de Governo da CDU (PCP/PEV). "[Era] um ano inteiro de IVA e IRS", acusou o líder centrista, esta sexta-feira, na TVI24, frente a Heloísa Apolónia, d"Os Verdes, no último debate televisivo das legislativas. "Para quê pôr os contribuintes a pagar uma opção ideológica?", questionou.
Para deputada ecologista, que se estreou nestes duelos como representante da CDU, "foi um crime" as privatizações em determinados setores, como a energia, "que têm de voltar para as mãos do Estado". "Estes senhores [PSD/CDS-PP] estão as desvirtuar os valores de abril", acusou Heloísa, que, assistiu, em mais de metade de uma hora de debate, Portas escalpelizar aquelas que são as bandeiras do programa de Governo da CDU: estudar a saída do euro e nacionalização de empresas estratégicas.
"Uma desvalorização acentuada da moeda" foi acenada por Portas sobre a possibilidade de Portugal abandonar a União Monetária. Tal cenário "faria cair vertiginosamente as poupanças" e uma "enorme recessão".
Porém, Heloísa alertou o centrista: "A CDU não diz - amanhã sairemos do euro'. Diz: devemos preparar-nos para essa possibilidade". "Seria irresponsável não preparar o país para a saída do euro", sublinhou a deputada verde.
O debate arrancou com Portas a apontar a declaração de António Costa - de que votará contra um orçamento de estado de Direita - como "uma tentativa de distrair as atenções do debate na rádio" em que o socialista não esclareceu uma proposta de corte de 1020 milhões de euros em apoios sociais. "Acho que o desespero nunca é bom conselheiro. "[Costa] depois do aconteceu no debate na rádio, decidiu radicalizar", disse o segundo rosto da coligação Portugal à Frente (PàF).
Já Heloísa, "perante aquilo que se adivinha [como OE] e que se conta através de uma história que foi percorrida" pela governação Passos/Portas, considerou que o centrista deve "pagar um preço" por "falta de credibilidade na palavra". "A demissão irrevogável foi uma das situações mais caricatas dos últimos tempos", acenou.
O duelo terminou com Portas a responder à líder parlamentar d'Os Verdes, que lembrou a emigração de 500 mil portugueses e os "estágios e os empregos falaciosos" criados pelo Governo. "A CDU utiliza a garantia jovem, os contratos de inserção", denunciou o presidente do CDS-PP, aludindo a um gráfico com as 34 câmaras municipais geridas pela coligação PCP/PEV. Heloísa sublinhou que não criticava os estágios mas contra o "falso emprego" e a "mistificação dos números do emprego" levada a cabo pelo Governo.