Pedro Santana Lopes, antigo primeiro-ministro e atual presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz, diz que o país vive um ambiente de degradação das instituições, com os sucessivos casos e suspeitas no Governo. E desafia o presidente da República a "ter uma conversa profunda com o primeiro-ministro" e ver se ele está em condições de continuar à frente do Executivo e "formar um novo Governo".
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"Isto assim não pode continuar. É preciso dizer um basta porque temos a degradação das instituições quase todos os dias", disse o antigo primeiro-ministro este sábado à noite na SIC Notícias, sugerindo a Marcelo Rebelo de Sousa que, em vez de fazer reparos "caso a caso", tenha uma conversa com António Costa e o convide a "fazer um exame de consciência" e a avaliar se não se deve demitir e formar novo Governo.
"Este episódio tem de se fechar, ele tem que se livrar disto, tem que haver um basta e partir para outra", disse Pedro Santana Lopes, admitindo que António Costa possa estar a acusar "cansaço" ou "saturação" após sete anos de governação e de uma pandemia.
Santana Lopes considera que o episódio com o anterior ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos - que na sexta-feira veio admitir que afinal deu o aval ao pagamento da indemnização a Alexandra Reis - "é uma falha grave" e "algo de incompreensível". Já quanto ao atual ministro das Finanças, Fernando Medina, cujo mandato à frente da Câmara de Lisboa está a ser investigado, admite que "está numa posição difícil".
"É objetivo: está desgastado, está diminuído politicamente e isso num ministro das Finanças é especialmente complicado", disse o antigo líder do PSD, lembrando que no anterior Governo Costa já perdeu Mário Centeno e João Leão destas funções.
O antigo primeiro-ministro diz que o país vive "num ambiente de suspeição terrível, é quase tiro ao alvo todos os dias"- "Todos os dias temos um tiro em alguém e neste Governo atinge já ministros que são estratégicos, em postos chave", disse, falando numa "sucessão de casos" no Governo. Se fosse pela bitola do antigo presidente Jorge Sampaio, "já tinha havido umas duas ou três dissoluções da Assembleia da República", disse, aludindo ao episódio em que Sampaio dissolveu o Parlamento após quatro meses da sua governação, em dezembro de 2004.
Santana Lopes reconhece que ir para eleições antecipadas não seria uma boa solução para o país e que "ainda não é o tempo do PSD", pelo que defende que terá de ser o presidente da República e o primeiro-ministro a avaliar se não será melhor formar um novo Governo.
"Ter as instituições do país bloqueadas desta maneira é gravíssimo", afirmou.