PSD sugere outra data. Santos Silva garante que terá de ser nesse dia e vai ouvir deputados.
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O PSD opõe-se a que o presidente brasileiro, Lula da Silva, discurse na sessão solene do 25 de Abril, embora aceite que o faça noutra data. Ao JN, o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, garante que não há outra data possível para a receção ao chefe de Estado do Brasil e procurará chegar a um "consenso" na conferência de líderes, antes de tomar uma decisão. No entanto, rejeita que as declarações do ministro dos Negócios Estrangeiros - ao garantir anteontem que Lula da Silva discursará no Parlamento nas comemorações do 25 de Abril - tenham sido extemporâneas.
Augusto Santos Silva sublinha que a "praxis" portuguesa é receber, em plenário, todos os líderes dos países com relações muito próximas a Portugal. Neste caso, dá-se a coincidência da visita de Lula da Silva ocorrer no momento em que o país festejará o 25 de Abril. O governante estará em Portugal, entre 22 e 25 de abril, para participar numa cimeira luso-brasileira.
O presidente da Assembleia da República explica que os três dias possíveis para a receção ao chefe de Estado são domingo (dia em que não há sessão plenária), segunda-feira (dia em que os deputados estão nos respetivos círculos eleitorais) e terça-feira, dia da comemoração do 25 de Abril. "Terá de encaixar-se a praxis atual com a comemoração do 25 de Abril", sustentou Santos Silva, certo de que a receção a Lula da Silva terá de ser coordenada entre ele, o presidente da República e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Gomes Cravinho. g
"Pata na Poça"
O anúncio de Gomes Cravinho à revelia do Parlamento é, na opinião do líder da bancada do PSD, revelador da "inépcia" do ministro. "O PSD aceita que o chefe de Estado brasileiro discurse no Parlamento, mas não na sessão solene dedicada ao 25 de Abril", afirmou Miranda Sarmento, à Lusa.
Após ser criticado por Chega, IL e BE, o ministro emitiu uma nota a "esclarecer que a Assembleia da República é soberana nas decisões que toma". O líder do Chega, que na véspera tinha falado em "desrespeito" pelos deputados, considerou ontem que o convite a Lula "envergonharia" a maioria do país. Pedro Filipe Soares, líder da bancada do BE, acusou Cravinho de meter "a pata na poça" e de ter assumido compromissos "para os quais não tem mandato". Ainda assim, receberá Lula da Silva com "orgulho".