Região chegou ao fim de novembro ainda em situação de seca, apesar de um mês chuvoso. Seca desaparece em grande parte do Norte e Centro.
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Era o cenário esperado. As chuvas de novembro limparam a seca de grande parte das regiões Norte e Centro, mas não foram de todo suficientes para mudar o cenário a Sul do rio Tejo. Apesar do desagravamento das classes de seca, o certo é que parte do Sotavento algarvio continua em situação de seca extrema (0,6%, contra 4,3% em outubro), a mais grave de todas.
De acordo com o boletim climatológico divulgado esta quinta-feira pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), "grande parte da região Norte e Centro já não está em situação de seca meteorológica", enquanto nas regiões a Sul do Tejo mantém-se a situação de seca (moderada - 23,3% e severa - 10,9%), sendo de destacar o Sotavento algarvio ainda na classe de seca extrema".
Para tal contribuiu a variabilidade de precipitação ocorrida em novembro, mês em que, globalmente, o valor médio da quantidade de chuva foi superior ao normal, correspondendo a cerca de 150% do valor normal mensal. Se no Norte e Centro, em particular no Minho e Douro Litoral, os valores médios foram superiores ao normal, a Sul foram inferiores, nomeadamente no Baixo Alentejo e Algarve, explica o IPMA no seu boletim. Regiões estas com valores de percentagem de água no solo ainda inferiores a 40%. Contudo, frisam, já não há zonas com "valores iguais ao ponto de emurchecimento permanente", o que acontece quando o teor de humidade do solo atinge níveis a partir dos quais as plantas são incapazes de extrair água.
Recorde-se que, conforme o JN noticiou em primeira mão, esta ausência de chuva no Sul do país contribuiu para o agravamento das disponibilidades hídricas das bacias do Alentejo e do Algarve. Sado (25,1% da capacidade), Mira (46,7%), Barlavento (29,3%) e Arade (39,8%) viram o volume de água armazenado diminuir, tanto face a outubro como ao período homólogo de 2018 e 2017 (neste caso, com exceção do Sado devido às transferências do Alqueva).
Com água apenas para um ano, as autoridades têm mantido reuniões para analisar a situação no Algarve com vista à adoção de medidas preventivas. A mais recente, e como revelou ao JN o ministro do Ambiente e Ação Climática, João Matos Fernandes, passa pelo "construção de dois açudes, cada com 20 hectómetros cúbicos, um junto a Odelouca [a albufeira está a 35%], na ribeira de Monchique; e outro em Odeleite/Beliche [a 34% e 27%, respetivamente], na ribeira da Foupana, para reforçar a capacidade hídrica". Que só avançará, segundo o governante, "com o compromisso de um uso mais eficiente da água do que aquele que tem sido feito".