Secretário de Estado aponta que redução dos tempos de espera nas urgências é resolvido "a montante"
O secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, considera que a redução no tempo de espera das urgências se resolve com questões "a montante" desses serviços, como respostas mais integradas nos Cuidados de Saúde Primários.
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Questionado sobre os tempos de espera verificados na segunda-feira no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, Ricardo Mestre não respondeu à questão em concreto, mas descreveu que a solução para os tempos de espera nas urgências está a ser resolvido com situações a montante.
"O acesso aos serviços de urgência em Portugal tem um conjunto de características que exigem medidas interdisciplinares e é isso que estamos a fazer para resolver, estruturalmente, o acesso dos portugueses. Estamos num processo de generalização das Unidades de Saúde Familiar, que permite uma resposta mais integrada à população nos Cuidados Primários, em novas possibilidades de diagnóstico nesses cuidados e em projetos piloto que permitem redirecionar melhor a utilização dos serviços de urgência, com resultados no curto e médio prazo", defendeu.
Plano para a Jornada
Ricardo Mestre esteve esta terça-feira em Coimbra, na Conferência "SMS Summit" que está a decorrer no Convento de São Francisco, onde anunciou que o Governo tem um plano de saúde para a Jornada Mundial da Juventude, em agosto, e que este será apresentado na próxima semana.
"Estamos a fazer esta preparação e esse plano foi construído com base numa comissão para perceber as dinâmicas que vão ser criadas e que permitirá uma resposta adequada à maior procura", revelou.
Mais Centros de Responsabilidade Integrados
O secretário de Estado da Saúde apontou ainda que o objetivo do Governo passa por ter 100 Centros de Responsabilidade Integrados (CRI) no Serviço Nacional de Saúde nos próximos três anos, quase o triplo dos que existem atualmente, considerando que estes são uma peça fundamental na reorganização interna do Serviço.
"A ideia é que estas equipas, constituídas por vários profissionais de várias especializações, se organizem e assumam um compromisso assistencial com o seu Conselho de Administração no âmbito do SNS. Estamos a falar de equipas que se propõem a criar um plano assistencial e que assumem os compromissos em termos de ganhos de acesso, qualidade e eficiência. São um instrumento importante na reorganização interna do SNS", defendeu.
Atualmente há cerca de 40 CRI no país, nas áreas da atividade cirúrgica, diagnóstico e terapêutica, estando a ser criado enquadramento legislativo e incentivos a equipas para alargar a outras áreas, como saúde mental e hospitalização domiciliária.
"Queremos que este enquadramento possa favorecer este movimento, queremos estender estes centros dentro do SNS porque é uma visão para gerir hospitais. Temos múltiplas realidades a coexistir e estes modelos são mais ágeis e o caminho que queremos seguir", considerou Ricardo Mestre.
Criados em 2017, os CRI são estruturas orgânicas de gestão intermédia, dependentes dos Conselhos de Administração dos hospitais com autonomia funcional, negociando compromissos de desempenho assistencial e económico-financeiro com os respetivos Conselhos.