Em 18 escolas, mais de metade dos alunos reprovaram, em 31 nenhum aluno do 12.º reprovou no ano 2018/2019. O presidente do Conselho das Escolas, José Eduardo Lemos, pede mais meios para combater o insucesso
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A diminuição das reprovações em todos os ciclos aumenta o número de escolas sem chumbos no 12.º ano - em 2018/ 2019, houve 31, no ano anterior tinham sido 19; e em 2016-2017, 14. Há diretores que asseguram que as alterações nos exames, devido à pandemia, vão fazer disparar a taxa de conclusão do Secundário.
"Não há dúvida, o número dos que concluíram o Secundário no ano passado foi muito superior, devido às alterações na avaliação externa", assume José António Sousa. A D.Dinis, em Lisboa, de que é diretor, registou, em 2018-2019, 60% de retenções no 12.º. Em 18 escolas, mais de metade dos alunos chumbaram e em 124 (cerca de um quinto) reprovaram entre 30% a 50%. No lado oposto da tabela, estão 31 sem chumbos.
A D.Dinis também aplica medidas de apoio aos alunos - uma hora semanal extracurricular em todas as disciplinas sujeitas a exame e o desdobramento das turmas. Inserida numa zona com elevada taxa de desemprego, mais de 70% dos alunos são carenciados e, a partir dos 17 anos, "assim que têm uma oportunidade, começam a trabalhar". Por isso, assume o diretor, a prioridade é mantê-los na escola para que acabem o Secundário.
Realidade tão distante como as percentagens que as separam é a da Secundária Pedro Álvares Pereira (Belmonte), uma das cinco públicas que não registou retenções no 12.º. A turma tinha "sete ou oito alunos" (na D. Dinis, 110 alunos fizeram exames em 2019). Há muitos anos, assume David Canelo, que a escola só consegue abrir uma ou duas turmas de científico-humanísticos. O que permite um ensino individualizado, promovendo o ingresso dos alunos no Superior, nomeadamente em Medicina.
Para o presidente do Conselho das Escolas, os agrupamentos deviam definir "objetivos claros e tangíveis" quanto à melhoria dos resultados. José Eduardo Lemos critica o que considera ser o desvio do foco dos resultados escolares para as aprendizagens essencias ou flexibilidade curricular.
Já para Ariana Cosme, que coordenou a avaliação ao projeto de flexibilidade, reverter as taxas de retenção só é possível com "práticas de diferenciação pedagógica e alteração da avaliação".
"A aposta num ensino básico que não deixe ninguém para trás pode ser um poderoso contributo", frisa Fernanda Viana, da Universidade do Minho, que alerta para o acompanhamento dos alunos que, apesar das dificuldades, conseguem positiva, mas podem facilmente "cair".