A criação do Ministério da Saúde e da Transição Demográfica, substituindo as atuais pastas da Saúde e da Segurança Social, é uma das propostas que Álvaro Beleza, presidente da SEDES, vai apresentar na sexta-feira à tarde, em Braga, no 25.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos (OM). Com o tema "saúde em mudança", a OM quer "construir um caminho com resultados imediatos, mas orientado para o futuro, estrutural e capaz de modernizar o Serviço Nacional de Saúde".
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"É preciso, urgentemente, seguir o exemplo de vários países europeus, e ligar a saúde com a ação social, ligar quem cuida desde o nascimento até à morte", disse ao JN, Álvaro Beleza. Como exemplo, o responsável pela Sedes apresenta os lares de idosos. "São unidades de cuidados continuados que deveriam ter uma participação muito ativa da Saúde, mas estão sob a responsabilidade da Segurança Social", afirmou.
A reunião magna dos médicos ocorre numa altura em que a gestão da Saúde atravessa mudanças estruturais. "A nível interno, com uma nova equipa ministerial, uma nova estrutura [direção executiva do SNS] e uma grave crise no acesso a cuidados de saúde, Portugal atravessa um momento crítico e deve decidir que Saúde quer ter durante os próximos anos", afirmou Miguel Guimarães, bastonário da OM e presidente do congresso. Num encontro em que estarão presentes o ministro da Saúde Manuel Pizarro e Fernando Araújo, diretor executivo do SNS, o bastonário pede que se pense "estruturalmente".
"A Saúde pode contar com os médicos para essa reflexão e, sobretudo, para contribuir para a ação. É esse o papel e a responsabilidade que a Ordem dos Médicos assume perante a sociedade: ajudar a que todos os cidadãos tenham uma Saúde melhor, mais segura e com equidade de acesso", acrescentou o bastonário.
Uma melhor saúde é também o que pretende o presidente da Sedes que aponta questões incontornáveis. "É sabido que Portugal tem um problema demográfico, dos mais complicados do mundo. O aumento da esperança de vida é um excelente resultado dos avanços do sistema de saúde e também do desenvolvimento, mas o envelhecimento tem impacto significativo em algumas matérias, das quais a mais relevante é a da despesa com cuidados de saúde", frisou.
Face a esta realidade e aos impactos "tão profundos que se preveem", Portugal deve "assumir o envelhecimento como uma prioridade em termos de políticas públicas", "assegurar o financiamento adequado às necessidades de uma população mais envelhecida" e "adequar as estruturas para dar uma resposta adequada aos milhões de portugueses que terão idade mais avançada e necessidades específicas", finalizou o presidente da SEDES.