
António José Seguro e Luís Marques Mendes estiveram frente a frente, esta quarta-feira à noite.
Foto: Pedro Pina/RTP
Os dois candidatos a Belém lamentaram, esta quarta-feira, durante o debate, os atrasos e a conduta da Procuradoria-Geral da República (PGR) na Operação Influencer, que levou à demissão de antigo primeiro-ministro há dois anos.
António José Seguro e Luís Marques Mendes admitiram que têm algumas vertentes em comum: uma delas é a moderação e outra a experiência política. No debate desta quarta-feira à noite, os dois candidatos da Belém, um apoiado pelo PS e outro pelo PSD, respetivamente, tentaram argumentar quem terá um papel mais interventivo como presidente da República, inclusive na Justiça, e assumiram posições distintas sobre o anteprojeto de reforma laboral.
A Justiça ocupou uma parte substancial do debate entre o socialista e o social-democrata, nomeadamente as notícias que vieram a público sobre as escutas ao ex-primeiro-ministro António Costa, no âmbito da Operação Influencer. "Um parágrafo da Procuradoria-Geral da República indicou que um primeiro-ministro era investigado e, decorridos dois anos, ainda não há nada que justifique essa decisão. Para mim, é grave", apontou António José Seguro.
Também Marques Mendes disse ser "lamentável" e argumentou que uma das suas incumbências enquanto chefe de Estado será, caso seja eleito, apelar à classe política a um entendimento para uma reforma na Justiça. "Eu sou mais interventivo e quero ir mais à frente", argumentou, apontando que o adversário, Seguro, tem tendência a ficar-se por "generalidades". Perante a crítica, o socialista apontou que Marques Mendes é membro do Conselho de Estado há 15 anos e poderia ter feito mais sobre o tema.
Desequilíbrio político
A família política de cada um dos candidatos a Belém não ficou fora do debate. Para o antigo líder do PS, a possível vitória de Marques Mendes irá agravar o "desequilíbrio do sistema político", em que a Direita já tem a maioria do Parlamento e também no panorama autárquico. Já o antigo presidente do PSD contrapôs e apontou já ter dado provas da sua independência, salientando que terá "menos assessores políticos e mais assessores sociais" na Casa Civil.
Com a aproximação de uma greve geral, no dia 11, Marques Mendes disse que quando que há reformas, "todos dizem que não é o momento". Seguro defendeu que o anteprojeto de reforma laboral devia ter sido apresentado pela AD com "transparência", no período eleitoral.
Confrontados com a possibilidade de terem de indigitar um primeiro-ministro do Chega, ambos referiram que, apesar de respeitarem a decisão dos eleitores, não dariam "luz verde" a um partido com propostas inconstitucionais.

