
Candidato presidencial António Filipe é contra candidatura portuguesa para receber investimentos europeus na área da Defesa.
Foto: António Cotrim / Lusa
O candidato presidencial António Filipe mostrou-se esta quarta-feira contra a aquisição de equipamentos militares "só porque a NATO e a União Europeia entendem", no seguimento da adesão de Portugal ao programa europeu de empréstimos para a Defesa SAFE.
"Eu creio que é um caminho errado estarmos a fazer aquisição de equipamentos militares só porque a NATO e a União Europeia entendem que é o que devemos fazer. Nós devemos fazer investimentos nessa área que não ponham em causa o investimento público", defendeu. António Filipe falava aos jornalistas momentos depois de o ministro da Defesa Nacional, Nuno Melo, ter anunciado que a candidatura portuguesa aos empréstimos europeus SAFE inclui a aquisição de fragatas, recuperação do Arsenal do Alfeite e a produção de blindados, munições, satélites e drones em Portugal.
"Nós devíamos centrar os nossos esforços de investimento em matéria de Defesa nacional naquilo que é importante para as Forças Armadas Portuguesas. O que é importante para as Forças Armadas Portuguesas é atrair jovens para o cumprimento de serviço militar, porque as nossas Forças Armadas estão muito deficitárias em matéria de recursos humanos, porque as carreiras militares não são minimamente atrativas", afirmou o candidato apoiado pelo PCP.
"E devemos ter um equipamento de acordo com a nossa responsabilidade de Defesa do território nacional, tendo em conta a vasta área marítima sob a nossa responsabilidade, o que implica, obviamente, meios para a Marinha e para a Força Aérea", acrescentou.
No passado dia 28, o Conselho de Ministros aprovou a candidatura formal de Portugal ao programa europeu de empréstimos para a Defesa SAFE, no valor de 5,8 mil milhões de euros. Após a candidatura inicial, "abre-se agora um processo que é de contratação até ao final de fevereiro, quando então a Comissão Europeia confirmará em concreto tudo o que vai suceder", explicou hoje Nuno Melo.
Para António Filipe, que falava aos jornalistas após ter participado numa sessão da Fórum Manifesto, em Lisboa, a propósito das eleições presidenciais de 18 de janeiro, o Governo deveria fazer "um investimento muito criterioso", que não pusesse em causa as necessidades do país na área social.
"Estar a investir na Defesa nacional, a pedir um empréstimo que, depois, vamos ter que pagar, porque apesar de a União Europeia ter dito que agora, como é preciso investir em armas, estes empréstimos não contarão para agravar as contas públicas, o que é facto é que isso não é dado. Ou seja, este dinheiro que nos é emprestado para comprar armas vai ter que ser pago", elucidou.
