
Gouveia e Melo acusou Seguro de ser "um líder para a estagnação"
Foto: José Fernandes / SIC
O confronto entre António José Seguro e o almirante Gouveia e Melo ganhou novo fôlego no debate de ontem na SIC, marcado por trocas de acusações diretas e pela reabertura do debate em torno do episódio do NRP Mondego, ocorrido no Funchal.
Seguro voltou a apontar críticas contundentes ao então Chefe de Estado-Maior da Armada, declarando que o que fez "foi uma humilhação em público", ao que Gouveia e Melo respondeu que a sua atuação parou um rastilho dentro das Forças Armadas". O antigo líder do PS recordou a recusa de embarque por parte de vários marinheiros devido a alegadas falhas mecânicas na embarcação - um episódio que culminou com processos disciplinares mais tarde anulados pelos tribunais.
Para António José Seguro, a deslocação de Gouveia e Melo ao Funchal e a declaração pública que fez perante os jornalistas "foi indigna".
O debate rapidamente extravasou o caso NRP Mondego e avançou para a troca de críticas pessoais e políticas e o almirante não deixou Seguro sem resposta, e acusou-o de não ser "um líder para os tempos modernos", e de ser um "candidato nem-nem".
Seguro acusou o almirante de falta de experiência política e de a sua candidatura ser "um tiro no escuro". "Uma coisa é o direito a candidatar-se e outra é a experiência para o cargo que você não tem", disse, acrescentando que não podia ir para Belém "dar ordens aos partidos políticos". E deu um exemplo para a "fata de tato" político: anunciar a candidatura presidencial a uma semana das legislativas.
Seguro tentou neste debate retirar a imagem de ser um homem que vive da política:"Não vivo de favores. Sou professor universitário, vivo do meu trabalho. Questionou ainda a alegada independência do adversário: "Quem reuniu com o CDS e o Chega às escondidas? E quem tem um mandatário do PSD?", atirou. "Eu não represento nenhum partido, tenho as mãos limpas".
Gouveia e Melo ripostou dizendo que encara a candidatura como mais uma missão ao serviço do país, recordando o papel que desempenhou na coordenação da vacinação contra a covid-19. "Já demonstrei as minhas capacidades: estar presente e apresentar resultados".
O almirante acusou Seguro de recorrer a argumentos "de pequena política" e sublinhou o seu próprio percurso de liderança: "Nunca me retirei de um desafio e fui um líder respeitado, coisa que não aconteceu consigo".
A disputa não terminou sem novas farpas sobre o passado político de cada um. Gouveia e Melo acusou Seguro de ser "um líder para a estagnação", recordando a passagem do socialista pela liderança do PS durante o período da troika, enquanto Seguro afirmou que o adversário "representa apenas uma parte do PS", ao passo que ele se afirma como figura independente da máquina partidária.

