Centro de investigação quer ajudar a promover a conciliação da vida pessoal e profissional dos cerca de 30 trabalhadores.
Corpo do artigo
Entre máquinas de computador e peças de laboratório, detalham-se os últimos preparativos para o Centro de Telecomunicações e Multimédia entrar na semana de quatro dias de trabalho. A ideia partiu dos dois coordenadores daquele centro de investigação do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), Filipe Ribeiro e Rui Campos, que não escondem o entusiasmo para ver como tudo vai correr daqui para a frente.
16466814
"A conciliação da vida pessoal com a vida laboral" foi a impulsionadora da implementação da semana mais curta no centro de investigação, aponta Rui Campos. Após tomarem conhecimento de experiências internacionais e da realização de uma iniciativa em Portugal, os dois coordenadores decidiram "lançar o desafio" à administração do INESC TEC, a única instituição de I&D (investigação e desenvolvimento) no projeto-piloto do Governo. "Entre 20 e 30 colaboradores" começam a 19 de junho a ter "quinzenalmente duas sextas-feiras livres".
"Há cada vez mais a necessidade de dar um passo atrás. Demos muitos passos para a frente, mas precisamos de um maior equilíbrio", continua Rui Campos. "Sem afetar negativamente a produtividade", acrescenta o também coordenador Filipe Ribeiro. Ambos defendem que a "tecnologia tem vindo a mudar, mas a forma de trabalhar tem-se mantido".
"Controlar as reuniões"
Nem sempre as ideias mais "frescas" e "criativas" acontecem durante o horário de trabalho. E as mais horas no escritório ou no laboratório, neste caso, não significam maior eficácia. Muito pelo contrário, apontam. Por essa razão, o centro de investigação permite que os trabalhadores tenham um "horário flexível", apesar de estarem sujeitos a prazos de entrega dos trabalhos.
"A ideia é mudar a forma de trabalhar", afirma Filipe Ribeiro. O que passa, reconhecem, por reuniões mais eficientes: "controlar a duração" e a frequência. "Será que tudo precisa de ser uma reunião?" -questionam. Talvez não e, por isso, o novo modo de trabalhar vai exigir que "as pessoas venham com os temas já pensados" e haja "pontos na agenda". Luís Seca foi quem recebeu a proposta dos dois coordenadores para aderir à semana de quatro dias. O administrador-executivo do INESC TEC admite que tem havido "projetos desafiantes" na instituição, logo o bem-estar é "essencial para criar e inovar". Reduzir o número de horas de trabalho é um primeiro passo para cuidar, reter e cativar talento.