No primeiro semestre deste ano registaram-se 4 630 incêndios rurais, mais 1 083 ocorrências, ou seja um aumento em 30,5%, do que no período homólogo do ano passado, mas a área total percorrida pelo fogo aumentou de forma insignificante (0,63%), de 11 300 para 11 372 hectares, segundo dados obtidos pelo JN junto do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
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Com o perigo de incêndio a agravar-se (neste sábado, 29 concelhos estão classificados em perigo máximo e 55 muito elevado), o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) entrou ontem no nível máximo de esforço, com um total de 12 917 elementos, 2 833 veículos e 60 meios aéreos.
O número de ocorrências no primeiro semestre foi inferior em 15% à média do decénio 2012-2021, tendo sido o quinto maior dos últimos dez anos (o período homólogo mais elevado foi o de 2015, com 8 223 fogos).
A área ardida nos primeiros seis meses está 15% abaixo dos totais nos primeiros semestres naquele período de referência, tendo sido o terceiro mais atingido: o mais grave foi o de 2017, quando arderam 72 005 hectares.
Cerca de 80% dos incêndios do primeiro semestre percorreram menos de um hectare, mas bastaram 16 fogos percorrendo entre 100 e mil hectares para responderem por um total de 3 595 ha, ou seja, 32% do total da área ardida neste ano.
Por outro lado, dos 20 maiores incêndios, 16 (80%) ocorreram nos meses de janeiro e fevereiro, tendo o maior, registado em 28 de janeiro no distrito de Vila Real, percorrido 925 ha.
Aquele distrito responde por quatro dos 20 maiores incêndios, acompanhado pelo de Viana do Castelo, seguindo-se imediatamente o de Braga, com três casos.
Segundo as estatísticas correntes do setor, as ocorrências no período inicial do ano estão associadas sobretudo à realização de queimas e queimadas de sobrantes florestais e agrícolas e ao uso do fogo para a gestão de pastos para gados nos montes (vulgo queimadas), embora estas nem sempre tenham um efeito destrutivo.
Uma análise mais detalhada do JN a dados do mapa interativo na página do ICNF permitiu concluir que aquelas práticas responderam por 78,2% das 316 ocorrências no primeiro trimestre no distrito de Vila Real, por 77,5% aos 218 fogos no de Viseu e por 74,7% das 253 ignições conhecidas no de Viana do Castelo. No da Guarda, atingiu mesmo os 94,7% das 57 deflagrações.
Há ainda cinco outros distritos onde queimas e queimadas estão na origem de mais de 60% dos fogos nos primeiros três meses: Santarém, com 69,4%; Coimbra (68%); Bragança (66%); Castelo Branco (64,5%); e Braga (62,4%).
Proibições
Queimas e queimadas
Nos dias de perigo "muito elevado" ou "máximo" é proibido fazer queimadas. Nos restantes, carecem de autorização. A queima de amontoados, pode ser feita todo o ano, com autorização.
Fogueiras e foguetes
Nestes dias, também é proibido fazer fogueiras para recreio, lazer ou festas populares, utilizar fogareiros fora dos locais indicados, lançar balões de mecha e foguetes.