Os cidadãos europeus vão poder aceder a todos os seus dados clínicos através de um registo eletrónico de saúde desenvolvido por investigadores portugueses e que é apresentado na quarta-feira ao Parlamento Europeu.
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O objetivo da plataforma Smart4Health é agregar num único sítio todos os dados de saúde e registos médicos e disponibilizá-los aos próprios cidadãos, explica Ricardo Jardim Gonçalves, professor e investigador na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT NOVA).
As pessoas passam a ser donas dos seus dados de saúde
"Com este projeto, as pessoas passam a ser donas dos seus dados de saúde", disse à Lusa o investigador que vai representar Portugal na 11.ª Comissão Europeia da Inovação na quarta-feira, acrescentando que até agora o acesso dos pacientes aos seus registos era limitado.
A Smart4Health é um dos três projetos do programa Horizon 2020 da Comissão Europeia (dedicado à investigação e à inovação) com a coordenação portuguesa do Instituto de Desenvolvimento de Novas Tecnologias (Uninova) da FCT NOVA.
Segundo Ricardo Jardim Gonçalves, este é o mais importante dos três projetos e aquele com maior impacto imediato na sociedade, uma vez que vai permitir que todas as unidades de saúde tenham acesso ao histórico clínico completo dos pacientes.
Possível ir a uma consulta noutro país e ter acesso imediato aos seus dados clínicos
"Isto vai permitir que se um cidadão europeu precisar, por qualquer motivo, ir a uma consulta noutro país, tenha acesso imediato aos seus dados e os possa disponibilizar ao médico", exemplificou, sublinhando que a plataforma também vai evitar a repetição de exames e permitir diagnósticos mais completos.
O investigador adiantou que um outro objetivo da Smart4Health é a monitorização permanente dos cidadãos que o queiram, através de dispositivos inteligentes e de sensores capazes de comunicar entre si, que permitam, por exemplo, registar a atividade física, a frequência cardíaca ou a tensão arterial em qualquer momento.
Segundo Ricardo Jardim Gonçalves, os investigadores estão a trabalhar em colaboração com quatro hospitais europeus: na Madeira, Alemanha, Holanda e Itália.
Além da Smart4Health, Portugal vai apresentar ao Parlamento outros dois projetos coordenados pela Uninova, na área da indústria, com uma plataforma digital que permite o fabrico de produtos sem defeito, e da inovação digital, através de uma rede de "hubs" nesta área.
Os três projetos totalizam um investimento de 38 milhões de euros e, para o investigador, representam a "consolidação da reputação" da FCT e do papel de Portugal na vanguarda da investigação e da inovação.