Há linhas que são irrenunciáveis e, por isso, será “muito difícil” que o PAN viabilize um Governo ou um orçamento da Aliança Democrática (AD), disse a porta-voz daquele partido ecologista, Inês Sousa Real, esta terça-feira.
Corpo do artigo
À saída da primeira de sete audições que o presidente da República terá com os líderes dos partidos com assento parlamentar, Sousa Real falou num “retrocesso social” com a vitória da Direita. A porta-voz do PAN foi a primeira de sete líderes partidários a ser recebida em Belém, esta terça-feira, e não deu qualquer pista sobre o que o presidente da República pretende fazer com a nova composição da Assembleia da República.
Pôs, no entanto, o PAN de fora de uma solução governativa: “Os portugueses claramente quiseram que o PAN fosse um partido da Oposição. Temos apenas uma deputada, não temos expressão matemática para viabilizar um Governo. Essa responsabilidade caberá aos partidos que têm, neste momento, essa expressão”.
A porta-voz do PAN assinalou ainda que há “divergências ideológicas” que a separam da AD e do Chega: “Não podemos acompanhar um programa que ponha em causa os direitos das mulheres ou o direito à interrupção voluntária da gravidez”.
Touradas, aborto e igualdade
Ao falar em “valores fundamentais” aos quais o PAN “jamais renunciará”, a porta-voz daquele partido especificou: “Não falo apenas do IVA das touradas, falo também de matérias como a transferência de competências no bem-estar animal e da verba que temos para a igualdade de género”.
Segundo Sousa Real, a AD e o Chega “querem retroceder” e ir “contra o progresso civilizacional conquistado nas últimas legislaturas”. Assim, um orçamento que ponha em causa estes valores “é um orçamento que contará, certamente, com o voto contra do PAN”, disse.
Inês Sousa Real criticou, ainda, Marcelo Rebelo de Sousa por ouvir os partidos quando ainda falta saber os resultados dos círculos eleitorais da emigração que podem dar a vitória ao PS: “Lamentamos que estas reuniões estejam a decorrer sem os resultados, tendo em conta o potencial empate técnico entre o PS e PSD naquilo que poderá ser a expressão do resultado”.
Marcelo Rebelo de Sousa vai receber um partido por dia até 20 de março. Hoje é o Livre, amanhã é a CDU e, depois, seguem-se o BE, a IL, o Chega, o PS e a AD