Quando surgiu, em maio de 1999, o centro comercial Braga Parque trouxe novidade e abalou o comércio de rua, mas hoje é reconhecido por colocar a região na rota dos consumidores portugueses e galegos. Os concorrentes GuimarãeShopping, Espaço Guimarães e Nova Arcada também não se queixam do mercado
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Em 1995, o GuimarãeShopping apareceu, na Cidade Berço, como a primeira grande superfície comercial do Minho. Mas foi, quatro anos depois, com a abertura do Braga Parque, em Braga, que o comércio da região viria a sofrer uma revolução, com a abertura de lojas de marcas que até ali não existiam. Quase uma década depois, a concorrência surge com o Espaço Guimarães, e, há três anos, com o Nova Arcada, em Braga. Ainda assim, ninguém se sentiu abalado com as novidades. Nem mesmo o comércio tradicional que, atualmente, vive dias pujantes.
Ana Paula Pereira, Adriana Mendes e Sandra Leite ainda se recordam de ver o Braga Parque a erguer-se. Chegaram há 20 anos para inaugurar "um grande shopping" que prometia trazer novidade à cidade. "Havia grande expectativa, porque ia ser diferente dos outros", recorda Ana Paula Pereira, gerente na Vista Alegre. Sandra, proprietária de um quiosque, sublinha que "as pessoas não estavam habituadas a ir a grandes shoppings" e a maior afluência, nos primeiros tempos, era aos fins de semana.
Quando inaugurou, em maio de 1999, ao lado do antigo Feira Nova, o Braga Parque começou com 80 lojas. Viveu a primeira fase de expansão em 2007 - com a chegada da Fnac e mudança nos cinemas -, e dois anos depois passou por um alargamento, com a compra do hipermercado - que passou a Pingo Doce -, que o fez chegar a 180 lojas e triplicar o número de clientes anuais. Aumentaram, entretanto, a restauração e abriram a Primark e os habitantes do Alto Minho e da Galiza, em Espanha, renderam-se. "Sabemos quando é feriado em Espanha, porque a afluência é muito grande", constata Sandra Leite.
Espaços de cultura e lazer
No verão, quando podia esperar-se que as superfícies estivessem mais vazias à conta das férias, os emigrantes chegam para dar ânimo ao negócio. Acontece no Braga Parque, mas também nas outras grandes superfícies. "Em agosto temos praticamente o mesmo número de pessoas que no Natal. Vêm do Minho e Alto Minho", constata o diretor-geral do Braga Parque, António Afonso. No GuimarãeShopping, falam do mesmo fenómeno: "No verão, acolhemos diversos turistas e famílias que vivem no estrangeiro".
Além de destinos de compras, atualmente os shoppings funcionam, também, como espaços de cultura e lazer. É com apostas em "experiências únicas", "concertos" e outras atividades lúdicas que o Espaço Guimarães e o Nova Arcada, localizados na periferia das cidades e mais novos no mercado, se têm "diferenciado" da concorrência.
Com o crescimento do comércio online, o retalho tradicional necessita de adaptar-se e diferenciar a sua oferta
"A abertura prevista para este ano de um Hospital do Grupo Trofa Saúde será mais um fator de diferenciação", acredita o diretor do Nova Arcada, Pedro Leite. No Espaço Guimarães, a apresentação dos equipamentos do Vitória S.C., no início de cada época, provoca sempre uma enchente. "Com o crescimento do comércio online, o retalho tradicional necessita de adaptar-se e diferenciar a sua oferta", constata a diretora Rita Sampaio.
Nos centros das cidades, se há 20 anos houve lojas que não aguentaram a novidade que os grandes shoppings trouxeram, hoje em dia o mercado chega para todos, com os turistas a alavancar os negócios. Rui Marques, da Associação Comercial de Braga, até reconhece que insígnias como o IKEA "atraem gente de localidades que não viria com tanta frequência a Braga". Segundo os comerciantes ouvidos pelo JN, só falta haver "igualdade" nos horários.