Barómetro mostra que 92% dos portugueses separam o lixo em casa e que 72% estão conscientes das vantagens para a saúde do planeta.
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A esmagadora maioria dos portugueses recicla o seu lixo (92%), mesmo que, por vezes, de forma errada. São também muitos os que se identificam com a ideia de que a reciclagem é fundamental para o ambiente e um planeta mais saudável (72%). Ainda que numa percentagem menor, a maioria não se cala quando alguém atira lixo para o chão (58%).
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Os portugueses têm um bom nível de conhecimento sobre a reciclagem. É talvez a principal conclusão do barómetro conduzido pela Pitagórica para a Blueotter, JN e TSF. De acordo com o índice "saber reciclar", que avaliou as respostas a um conjunto de 38 indicadores, 77% dos inquiridos conseguiram um "bom" (incluindo 2% com "muito bom"). Ao contrário, 23% foi classificado com "mau" (3% com "muito mau").
O maior conhecimento nesta matéria é claramente feminino (83% teve um "bom"), enquanto a ignorância é mais marcada entre os homens (29% teve um "mau"), no que parece ser uma consequência do atual desequilíbrio de género nos trabalhos domésticos. É também evidente, quando se analisam os diferentes segmentos, que o nível de rendimentos influencia o nível de conhecimento: quanto mais abaixo na escala, pior a classificação no índice.
O mesmo acontece com os escalões mais velhos: entre os que têm 65 ou mais anos, 31% é classificado com um "mau". Finalmente, no que diz respeito à geografia, as regiões metropolitanas estão em extremos opostos: Lisboa pelas melhores razões (81% consegue um "bom"), e o Porto pelas piores (29% revela "mau" nível de conhecimento da reciclagem).
Amarelo e azul
Entre os escassos 8% de inquiridos que admitem não fazer reciclagem, a razão mais apontada prende-se com a ausência de um ecoponto próximo de casa. Mas, o facto de o haver, não significa que a separação esteja a ser feita com rigor.
O problema maior é a deposição de pacotes de leite: apenas 55% escolhe o ecoponto amarelo, enquanto 25% continua a usar o azul. Uma escolha que resultará do facto de só em 2007 ter ficado definitivamente assente que este tipo de embalagens não deve ser misturada com o papel (ecoponto azul).
Quanto às máscaras e luvas, acessório indispensável nos últimos meses, devido à pandemia do novo coronavírus, a grande maioria parece estar a adotar a atitude mais correta, uma vez que é material potencialmente contaminado, escolhendo o depósito junto com o lixo indiferenciado. Ainda assim, 8% opta pelo ecoponto amarelo, com destaque para a população mais jovem: 14% dos inquiridos entre 18 e 24 anos.
A sondagem da Pitagórica também revela que os portugueses, com maior ou menor acerto, parecem ter adquirido uma boa dose de consciência ambiental: 72% identifica-se quase totalmente com a ideia de que a reciclagem é essencial para ter um planeta mais saudável; 62% associa-a à diminuição das mudanças climáticas; e 59% com a redução de gases com efeito de estufa. Os que mais acreditam nas virtudes da reciclagem são os portugueses da faixa etária entre os 55 e 64 anos; os que têm menor rendimento; e os que vivem na região do Porto. Os mais céticos são os que têm melhores rendimentos e os que residem na região de Lisboa.
Tratamento de resíduos de norte
O grupo Blueotter, que se associou ao JN e à TSF neste barómetro, presta serviços ambientais de gestão global de resíduos, distribuído por oito instalações de gestão e tratamento de resíduos não perigosos. Em 2019, adquiriu a Egeo Circular, tornando-se o maior reciclador de papel do país. A Blueotter tem 12 unidades de tratamento de resíduos e bases logísticas, desde Famalicão a Loulé, e tem em desenvolvimento duas novas unidades de reciclagem em Palmela e no Algarve, uma linha de tratamento mecânico para orgânicos indiferenciados e uma unidade de compostagem para resíduos orgânicos.
Percentagens
59%
Os profissionais que trabalham na recolha e tratamento do lixo correm muitos riscos, segundo 59% dos inquiridos. Mas são ainda mais os que consideram que o desempenho dessas equipas é bom (73%).
49%
Quase metade dos inquiridos reconhece o potencial económico da reciclagem, concretamente na criação de postos de trabalho (49%). Oo setor dos resíduos emprega 43 mil pessoas em Portugal.
50%
O período de confinamento da pandemia foi também um tempo de maior produção de lixo. Apenas 10% acham que produziram menos.
96%
O vidro é o resíduo que os portugueses mais reciclam (96%). Segue-se o papel/cartão e as embalagens de plástico (ambos com 95%).
12%
Dos inquiridos diz que o lixo dos diferentes ecopontos é misturado no mesmo camião e que isso é razão para deixar de fazer reciclagem.