Politólogos apontam socialista como incógnita e destacam candidatos para reforçar partidos.
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Entre os ganhos e as perdas que os candidatos poderão ter, Ana Gomes é apontada como grande incógnita. O politólogo António Costa Pinto diz que é "a única que tem por resolver o que vai fazer com os votos". No espaço da Esquerda, disputa eleitores com Marisa Matias e João Ferreira, para quem uma vitória pode ser simplesmente manter ou mesmo alargar o espaço político dos seus partidos.
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António Costa Pinto distingue três tipos de candidatos. Por um lado, "os que se apresentam com iniciativa própria, nas margens da direção dos seus partidos". É o caso de Ana Gomes, "figura marginal ao PS que tem apoio de um segmento" socialista. Sobre o que pode significar um bom resultado, diz que, "se olharmos para o passado, a ideia de correntes de opinião e movimentos cívicos rapidamente se desfaz". Mas não acredita que o mote de Ana Gomes seja uma corrida à liderança socialista do seu apoiante Pedro Nuno Santos, porque "corre por conta própria".
No tipo "mais habitual de candidatos", Costa Pinto aponta a reeleição do presidente. E, por último, "temos as candidaturas que representam partidos". João Ferreira, Marisa Matias, André Ventura e Tiago Mayan Gonçalves "pretendem basicamente expressar a estratégia do partido aproveitando as presidenciais". "A liderança testa João Ferreira nestas eleições? Talvez", diz o politólogo, instado sobre se ganha palco para suceder a Jerónimo. Já "a principal razão" da candidatura de Marisa "é o receio de que parte do BE vote noutras candidaturas".
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De qualquer modo, sublinha que "estas eleições são mais importantes para a Direita" pela reorganização das intenções de voto.
Viriato Soromenho-Marques destaca que o PCP "corre riscos", seja ao candidatar-se ou mesmo se não participasse. Perante uma "hemorragia eleitoral permanente", refere as previsões de 4% ou 5% dos votos, limite para ter subvenção pública, embora o politólogo recorde a "rede de apoios económicos" que tornam o PCP menos dependente da ajuda do Estado.
Marisa dificilmente manterá os 10%, considera o politólogo. E uma derrota para Ana Gomes seria não ficar em segundo, enquanto Ventura capitaliza o voto de protesto. Crê que é mais o ministro Pedro Nuno Santos que vai a reboque de Ana Gomes: "Pode ter sido estimulada no PS a avançar, mas nunca deixou de pensar pela cabeça dela".
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