Do início do ano até 26 de julho, foram consumidos 15.857 hectares. Mas ontem o registo atingiu 29.619 hectares. Até quinta-feira, o território português, sobretudo a Região Norte, vai continuar sob risco elevado de incêndio.
Corpo do artigo
Destruição Se até ao último sábado, 26 de julho, e a contar desde janeiro, o fogo tinha consumido 15.857 hectares de floresta, ontem a dimensão dos estragos já era incomparavelmente maior, com 29.619 hectares atingidos. Ou seja, em cinco dias arderam 13.762, quase tanto como nos sete primeiros meses do ano.
As temperaturas estão elevadas e a estimativa para os próximos dias é que assim continue. Segundo a previsão do IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera), até quinta-feira, pelo menos, o território vai prosseguir sob risco elevado de incêndio, sobretudo a Região Norte, mas também o Interior Centro e o Algarve.
Em Vila Real, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, apelou à serenidade e ao "espírito de unidade nacional" para a resolução deste "drama" e anunciou que o Governo está já a trabalhar no apoio às populações afetadas.
Por sua vez, de visita aos Açores, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que a prioridade deve ser "prevenir o que possa acontecer nas próximas semanas" e "não recorrer a meios extremos", designadamente acionar o Mecanismo Europeu de Proteção Civil.
Além dos prejuízos, o dia de ontem ficou marcado por incidentes com os meios que tentam impedir o avanço das chamas. Em Arouca, um carro dos bombeiros de Cinfães capotou, mas os seus ocupantes não sofreram ferimentos, enquanto que um veículo da corporação de Avintes (Gaia) teve um acidente, do qual resultou um ferido. Um meio aéreo, envolvido nas operações em Penafiel, sofreu uma avaria em Entre-os-Rios e teve que amarar no rio Douro.
Bombeiros de helicóptero
No Parque Nacional da Peneda-Gerês, numa situação "extremamente complexa", a falta de acessos obrigou ao transporte de bombeiros de helicóptero para debelar as chamas. "É um incêndio extremamente complexo, que nos causa grandes problemas do ponto de vista da orografia e da falta de acessos", explicou o comandante nacional de Emergência e Proteção Civil, Mário Silvestre, ao fazer o balanço diário dos incêndios rurais.
Além deste caso no Gerês, Mário Silvestre destacou os fogos de Penafiel, Arouca e Cinfães. Estes quatro incêndios mobilizaram cerca de 1500 operacionais, mais de 500 viaturas e 11 meios aéreos. Às 17 horas, a Proteção Civil contabilizava um total de 97 fogos rurais, maioritariamente concentrados na Região Norte.
Prejuízos avultados
Olhando aos números na totalidade do ano, a Região Norte é, de longe, a mais fustigada: 2492 fogos. Segue-se Lisboa e Vale do Tejo (791). Quanto às causas, o "incendiarismo" representa 14%, o uso do fogo 20% e causas não investigadas 39%.
Em relação aos prejuízos por estes dias, só no caso de Arouca contabilizam-se casas danificadas, falta de água, energia e comunicações. Em Santarém, o autarca João Leite falou na "morte de 350 animais" e pediu que "a lei seja cumprida com firmeza, caso se confirme mão criminosa".