Apesar de as guardas parentais partilhadas serem cada vez mais comuns, o número de famílias em que apenas um adulto tem um ou mais filhos a cargo continua absolutamente desproporcional entre as mulheres e homens, em Portugal. Elas são nove em cada dez
Corpo do artigo
“Cerca de nove em cada dez agregados monoparentais são formados por uma mulher que vive sozinha com filhos”, detalham os dados avançados pela Pordata, o que faz com que só uma em cada dez famílias com esta configuração esteja nas mãos do progenitor masculino. No momento em que se assinala o Dia do Pai, esta quarta-feira, 19 de março, importa lembrar que as famílias com um ou mais filhos mas que só têm um adulto como responsável é muito desproporcional em Portugal.
Apesar de as guardas partilhadas serem cada vez mais uma realidade acordada pelos progenitores e também fruto de decisões em tribunal, tal ainda está muito longe de ser refletir nas estatísticas. Por cá, o valor registado em território nacional está 3,5 pontos percentuais acima da média europeia, que regista 83,8% de famílias monoparentais nas mãos exclusivas das mães. No topo da tabela de maior equilíbrio estão a Estónia e a Suécia, países em que cerca, em de 1/3 das famílias monoparentais, o adulto é homem.
Do lado contrário da estatística, na qual Portugal surge em oitavo lugar a contar do fim (87,3%), e em que é evidente esta desigualdade estão a Eslováquia (92,3%), a Grécia (91,7%), a Polónia (91,2%), o Chipre (89,1%), a Itália (98%), a Áustria (88,0%) e a Hungria (87,5%), segundo dados da Pordata e que remontam a 2023.
Evidências que, em Portugal, empurram as mulheres para “uma das taxas de risco de pobreza mais elevadas”. Três em cada dez (31%) das pessoas que integram esta tipologia de famílias vivem com um rendimento mensal abaixo do limiar de pobreza, como se lê no documento. Contas feitas, a Pordata avança que são, em média, 632 euros para o adulto mais 189,6 euros por cada criança.
Uma realidade que castiga duplamente estas mulheres, que têm a cargo o trabalho de cuidado e não pago e não dispõem sequer de tempo para tentarem encontrar outros rendimentos porque estão a criar os filhos a tempo inteiro.