Direção-Geral da Saúde mantém reservas e analisa pareceres, enquanto ministra admite adaptação. Ordem dos Médicos pede utilização generalizada.
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A pressão para generalizar o uso de máscaras a toda a população tem vindo a aumentar e, no fim de semana, a ministra da Saúde deu sinais de que a posição mantida até agora poderá ser revertida a qualquer momento. A Direção-Geral da Saúde (DGS) está a analisar uns pareceres sobre o tema e poderá haver alterações dos critérios nos próximos dias, embora Graça Freitas insista que as orientações estão alinhadas com as da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Ordem dos Médicos (OM) juntou-se ontem às vozes que defendem o uso universal das máscaras pelos profissionais de saúde e pela população. Em comunicado, assinado pelo bastonário e pelo gabinete de crise, a OM solicita a revisão urgente dos critérios para a utilização universal do equipamento, sobretudo em espaços públicos onde é difícil manter as distâncias de segurança.
Idas ao supermercado
O pneumologista e responsável pelo gabinete de crise da OM Filipe Froes reiterou que "todos devem usar máscara num local onde é difícil manter o distanciamento social". Numa videoconferência sobre a Covid-19 promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian, o coordenador do Serviço de Cuidados Intensivos do Hospital Pulido Valente, em Lisboa, deu como exemplo as idas ao supermercado.
"Não estou a usar máscara em casa, é claro. Mas quando vamos ao supermercado, penso que devemos usar máscara", referiu, realçando, porém, que o uso destes equipamentos deve ser prioritário para profissionais de saúde e doentes e ser sempre complementado com a lavagem das mãos e o distanciamento social.
Anteontem à noite, em entrevista à RTP, a ministra da Saúde referiu que a DGS pediu um parecer sobre o tema ao coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo de Infeções e das Resistências aos Antimicrobianos e que "esse parecer vai no sentido de equacionar o uso mais amplo das máscaras".
A ministra não adiantou se a recomendação será adotada, mas admitiu que os responsáveis pelas decisões têm de se adaptar e ter uma dinâmica muito rápida perante as evidências novas que vão surgindo.
A ministra recordou, no entanto, que a OMS continua a defender que, para as pessoas sem sintomas, não é recomendável utilizar uma máscara. Na entrevista, Marta Temido alertou que uma máscara mal utilizada poderá não prevenir o risco de contágio, mas admitiu que "em algumas circunstâncias a máscara, se devidamente utilizada e sobretudo, muito importante, devidamente acompanhada por um conjunto de outras medidas, pode ter efeito protetor".
A jogar em antecipação, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque anunciou, ontem à tarde, que vai distribuir 250 mil máscaras pela população. Aquele governante equaciona tornar o seu uso obrigatório.