A incógnita pairou no país nas últimas semanas: como irão votar os presos preventivos, nomeadamente Ricardo Salgado, que está em prisão domiciliária em Cascais, na sequência de processos que resultam da derrocada do Banco Espírito Santo (BES), o ex-ministro Armando Vara, detido a 10 de julho no âmbito da Operação Marquês, e José Sócrates, arguido na mesma operação e transferido do Estabelecimento Prisional de Évora para a casa da ex-mulher no passado dia 4 de setembro?
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O presidente do BES será escoltado pela PSP até à mesa de voto. Armando Vara também será escoltado, mas a sua vigilância ficará a cargo da Direção-Geral de Reinserção Social, uma vez que o ex-governante está em prisão domiciliária mas com pulseira eletrónica. Já José Sócrates pretende exercer o direito de voto sem pedir autorização nem ter acompanhamento.
"O senhor engenheiro José Sócrates exercerá, naturalmente, esse seu direito, garantido pelas leis e pela Constituição, e por isso não pedirá autorização alguma, limitando-se, se ainda for caso disso, a transmitir as informações pertinentes", esclareceram, em comunicado, os seus advogados João Araújo e Pedro Delille. Ou seja, dando conta da sua intenção ao juiz Carlos Alexandre, mas prescindindo da escolta policial. O objetivo, acrescentou a defesa, é evitar que o momento de votar do ex-primeiro-ministro "seja transformado, por quem quer que seja, em espetáculo de humilhação pública dele e em prejuízo para o Partido Socialista". Até porque, assegura, "parece ser essa a intenção".
A lei eleitoral proíbe a presença de força armada nos locais próximos às mesas de voto, o que obrigará a segurança a montar uma operação reforçada, não só nos locais de voto, mas também nas casas dos arguidos. Se junto à casa de José Sócrates, a afluência de jornalistas já não é novidade, o mesmo não pode dizer-se em relação ao antigo presidente do BES. Acresce, neste caso, que pode ser alvo de protestos dos lesados do banco.