Sondagem diária: PS aprofunda a crise. AD volta a crescer e alarga vantagem para nove pontos
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Mais um dia de sondagem diária, mais uma alteração significativa na frente da corrida para as legislativas: o PS (24,6%) aprofunda a crise, enquanto a AD (33,1%) inverte o declínio e volta a crescer, ao ponto de alargar a vantagem para nove pontos percentuais, de acordo com a projeção da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN. A exemplo da coligação de centro-direita, há mais dois partidos que põem fim a um ciclo negativo e crescem quase um ponto de um dia para o outro: Livre (5,3%) e BE (3,2%). Ao contrário, a IL (6,3%) e o PAN (1,1%), perdem um pouco menos de um ponto. O Chega (17,8%) estaciona, depois de uma aceleração significativa e repentina. A CDU (3,2%) mantém-se estável. E o número de indecisos volta a crescer (18,3%).
Há boas e más notícias para Luís Montenegro neste 12.º dia de “tracking poll”. Depois de cinco dias em tendência de queda, a AD (33,1%) não só consegue estancar as perdas, como acrescenta um ponto percentual ao seu pecúlio. A coligação fica, no entanto, quase três pontos abaixo da sua melhor projeção, a 5 de maio. Na comparação com as legislativas do ano passado, continua a ser a força política que mais cresce (um pouco mais de quatro pontos), mas é insuficiente para a “maioria maior” que pedem os seus dirigentes. Mesmo na soma com um parceiro como a IL (coligação pós-eleitoral que se tornou tema de campanha), fica pouco acima dos 39 pontos, ou seja, bastante longe de uma hipotética maioria parlamentar.
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Pedro Nuno Santos outra vez a nove pontos de Luís Montenegro
No caso do PS (24,6%) não se vislumbra o copo meio cheio, só o meio vazio: Pedro Nuno Santos vai no quarto dia consecutivo de desgaste, com a perda de quase dois pontos desde 9 de maio, o que, associado ao crescimento da AD, o deixa com uma desvantagem de quase nove pontos na luta para chegar à chefia do próximo Governo. Quando já só faltam três dias para o fim da campanha e cinco dias para as eleições, acentua-se a ameaça de ser o pior resultado dos socialistas em 38 anos (em 1987, o ano da primeira maioria absoluta de Cavaco Silva, ficou-se pelos 22,2%). Acresce que o conjunto da Esquerda parlamentar vale nesta altura pouco mais do que 37 pontos, insuficiente para montar uma nova “geringonça”. Não surpreende, portanto, que 73% dos portugueses, independentemente do partido da sua preferência, apontem para uma vitória da AD.
Há um outro dado da sondagem, no entanto, que acrescenta incerteza a qualquer das partes. O número de indecisos volta a crescer (18,3%), ao ponto de serem agora mais do que no arranque da “tracking poll”, a 2 de maio. Entre os que mais hesitam, destacam-se agora os que têm 55 e mais anos: 20% não sabem em quem votar (aumentou cinco pontos em quatro dias). Mas a percentagem é ainda mais elevada entre os que têm piores rendimentos (21%). Se o ângulo de análise for o voto partidário nas legislativas do ano passado, há uma sombra a pairar sobre Luís Montenegro: um em cada quatro eleitores da AD em março de 2024 está indeciso sobre o que fazer em maio de 2025.
Iniciativa Liberal e Livre a crescer face às legislativas de 2024
Solidamente implantado no terceiro lugar permanece o Chega. Depois de um período de desgaste, entre 7 e 10 de maio, o partido de André Ventura ligou o turbo e regressou ao patamar dos 18%. Neste último dia, já não houve crescimento e até perdeu duas décimas (17,8%), mas mantém-se como o fiel da balança. Seguem-se a Iniciativa Liberal (6,3%), que volta a perder gás, e o Livre (5,3%), que repete o melhor resultado desta sondagem diária. Liberais de direita e de esquerda são, aliás, em conjunto com a AD, as únicas forças políticas que conseguem crescer relativamente às últimas legislativas.
No mesmíssimo patamar de março do ano passado permanece a CDU (3,2%). Com a exceção de um ligeiro sobressalto a 10 de maio, em que desceu abaixo dos três pontos percentuais, a coligação liderada pelos comunistas é um exemplo de estabilidade. O que não é necessariamente uma boa notícia, uma vez que o ponto de partida é o pior resultado em legislativas dos últimos 50 anos. Paulo Raimundo deixa-se apanhar pelo BE (3,2%) de Mariana Mortágua, que ganha quase um ponto percentual de um dia para o outro, mas os bloquistas ficam, ainda assim, mais de um ponto abaixo do que conseguiram nas eleições de 2024. Ao contrário, o PAN (1,1%) perde quase um ponto e volta a ficar em risco de ser varrido do Parlamento.
Socialistas ficam atrás do Chega entre os eleitores até 54 anos
Quando se analisam as projeções para os diferentes segmentos da amostra (género, idade, classe social e geografia), há, neste 12.º dia de “tracking poll”, uma alteração substancial: as mulheres deixam subitamente de ser o “abono de família” de Luís Montenegro. Se foram sempre elas que garantiram a vantagem da AD sobre o PS, a situação é agora de completo equilíbrio, com 27% para cada género (resultado sem distribuição de indecisos). No que diz respeito aos restante partidos, Chega, IL e CDU têm um pendor masculino, enquanto BE e PAN são mais femininos.
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No que diz respeito à idade, as alterações são mínimas, mas Montenegro recupera a liderança entre os mais velhos (30%), ainda que sejam apenas dois pontos de vantagem sobre Pedro Nuno (28%). Mas as notícias são ainda piores para o socialista nos outros dois escalões etários, uma vez que fica em terceiro lugar, atrás da AD e do Chega, tanto nos mais jovens (11%), como entre os que têm 35 e 54 anos (16%). Mantém-se a tendência habitual de IL, Livre e BE perderem apoio à medida que o eleitor “envelhece”, ou seja, de estarem muito dependentes dos que têm 18 a 34 anos. Ao contrário, quanto mais velhos os eleitores, maior a intenção de voto na CDU, PS e AD.
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Rui Tavares e Rui Rocha são os únicos com saldo positivo
Avaliando as tendências ao nível da geografia, repõe-se um clássico: a Região Norte volta a ser o bastião mais importante da AD (27%), tendo em conta o peso populacional. Significativa é também a vantagem de sete pontos de Montenegro sobre Pedro Nuno Santos na região da capital (que inclui os círculos eleitorais de Lisboa e Setúbal). O Chega continua a valer um pouco mais no sul e ilhas (19%) do que no resto do país, enquanto a Iniciativa Liberal e o Livre têm os melhores resultados em Lisboa e no Norte (que inclui os círculos do Porto e de Braga).
Nos restantes indicadores há três candidatos que se destacam dos restantes: Rui Tavares e Rui Rocha, porque são os únicos que conseguem saldo positivo quando se pergunta aos portugueses se a opinião sobre os líderes está a melhorar ou a piorar (saldo positivo de 15 e 10 pontos, respetivamente); e Luís Montenegro, porque é o que consegue melhor resultado quando se pergunta quem tem tido melhor prestação em debates e entrevistas (28,3%).
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Ficha técnica
Durante 4 dias (9, 10, 11 e 12 de maio de 2025) foram recolhidas diariamente pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN um mínimo de 202 a 203 entrevistas (dependendo dos acertos das quotas amostrais) de forma a garantir uma sub-amostra diária representativa do universo eleitoral português (não probabilístico). Foram tidos como critérios amostrais o género, três cortes etários e 20 cortes geográficos (distritos, Madeira e Açores). O resultado do apuramento dos quatro últimos dias de trabalho de campo, resultou numa amostra de 810 entrevistas que, para um grau de confiança de 95,5%, corresponde a uma margem de erro máxima de ±3,51. A seleção dos entrevistados foi realizada através de geração aleatória de números de “telemóvel” mantendo a proporção dos três principais operadores móveis. Sempre que necessário foram selecionados aleatoriamente números fixos para apoiar o cumprimento do plano amostral. As entrevistas são recolhidas através de entrevista telefónica (CATI). O estudo tem como objetivo avaliar a opinião dos eleitores portugueses, sobre temas relacionados com as eleições, nomeadamente os principais protagonistas, os momentos da campanha bem como a intenção de voto dos vários partidos. Foram realizadas 1565 tentativas de contacto, para alcançarmos 810 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 51,72%. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.