Sondagem presidenciais: Mendes favorito em todos cenários de segunda volta. Ventura goleado pelos três grandes
Análise de Rafael Barbosa e gráficos de Inês Moura Pinto
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Há apenas oito pontos percentuais a separar os quatro primeiros classificados na corrida a Belém, de acordo com a mais recente sondagem da Pitagórica para o JN, TSF, TVI e CNN, que por isso os testou em seis cenários para uma segunda volta. Tal como nas projeções para a primeira volta, também neste exercício virtual há uma inversão: em outubro, era Henrique Gouveia e Melo que se destacava, por ser capaz de vencer todos os duelos; em novembro, é Luís Marques Mendes que se apresenta como o candidato mais difícil de bater.
Quando se coloca em confronto o social-democrata e o almirante, a vantagem do primeiro (46%) sobre o segundo (39%) está até para lá da margem de erro. António José Seguro (43%) também parece capaz de vencer o antigo chefe da Marinha (39%), ainda que a vantagem de quatro pontos aponte, na verdade, para um empate técnico. São também quatro os pontos que Mendes (44%) consegue sobre Seguro (40%), ou seja, e de novo, um empate técnico. Nenhum destes três teria, no entanto, qualquer dificuldade em bater André Ventura, que ficaria sempre a quase 50 pontos percentuais de distância dos "três grandes". Mas vejamos cada um dos seis cenários "à lupa".
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Marques Mendes deu a volta a Gouveia e Melo
Na intenção de voto relativa à primeira volta, Marques Mendes (22,6%) transformou uma desvantagem de quase sete pontos numa vantagem de ponto e meio sobre Gouveia e Melo (21,1%%). Se passassem ambos à segunda volta, haveria também uma reviravolta: o almirante estava cinco pontos à frente em outubro, mas está a quebrar (39%) e é agora o social-democrata que regista uma vantagem de sete pontos (46%), o que o poria a salvo da margem de erro. É importante acrescentar, no entanto, que nestes cenários, não há redistribuição de indecisos (neste duelo específico são 8%). Na análise aos diferentes segmentos da amostra (género, idade, classe social e geografia) percebe-se que a vantagem de Mendes sobre Gouveia e Melo é mais significativa entre os eleitores da AD (mais 36 pontos percentuais), os que vivem no Norte (17 pontos), os que têm maiores rendimentos, os que têm 55/64 anos (15 pontos) e nas mulheres (11 pontos). O almirante consegue vencer em cinco segmentos, incluindo entre os que votaram no Chega, os homens, os mais pobres, os que têm 35/44 anos, os eleitores do Chega e do PS (com destaque para estes últimos, com 54%).
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Mendes à frente de Seguro mas há empate técnico
Ao contrário do que sucederia no confronto com o almirante, Marques Mendes (44%) ficaria em empate técnico com António José Seguro (40%), embora haja apenas 4% de indecisos, o mesmo número de pontos que os separa. É de novo entre os eleitores da AD que o antigo líder do PSD mais se destaca (mais 49 pontos percentuais), o mesmo acontecendo na faixa etária dos 18/24 anos (36 pontos), nos habitantes do Norte (11 pontos), nos mais ricos (dez pontos) e nas mulheres (cinco pontos). Mas o ex-secretário-geral do PS é nesta altura o favorito entre quem vive no Sul e ilhas, os que têm 55/64 anos e os que têm 65 ou mais anos, e finalmente, os que votaram no PS nas legislativas de maio (70%).
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Socialista também já é capaz de vencer o almirante
Num eventual duelo entre António José Seguro (43%) e Henrique Gouveia e Melo (39%), e apesar dos quatro pontos de vantagem do socialista, teríamos de novo um empate técnico (e 4% de indecisos). Em outubro, verificava-se a situação contrária, com uma vantagem de sete pontos do almirante. Onde o socialista marca maiores distâncias relativamente ao independente é entre os eleitores do PS (mais 19 pontos percentuais), os que têm 25/34 anos (18 pontos), os que vivem na Região Centro (dez pontos), as mulheres (nove pontos) e os que têm maiores rendimentos (sete pontos). Mas o antigo militar seria capaz de vencer entre os quais os homens, os mais pobres, os eleitores do Chega, os que têm 18/24 anos e, sobretudo, os da faixa etária dos 35/44 anos (53%).
Ventura meia centena de pontos atrás dos outros
Quando o adversário de qualquer dos três principais candidatos é André Ventura, não há dúvidas sobre quem sairia vencedor na segunda volta. O melhor que o líder da direita radical populista conseguiria fazer (21%) deixá-lo-ia, ainda assim, 46 pontos percentuais abaixo de António José Seguro (67%). Se o adversário fosse Henrique Gouveia e Melo (68%), Ventura ficaria a 50 pontos (18%). Finalmente, se houvesse um mano a mano com Marques Mendes (70%), a diferença seria de 51 pontos (19%). Em qualquer dos cenários, o número de indecisos é residual (2% a 3%) e há um único segmento em que Ventura sairia vencedor, o dos eleitores do Chega, com resultados a rondar os 60 pontos.
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Ficha técnica
Sondagem realizada pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com as eleições presidenciais de 2026. O trabalho de campo decorreu entre os dias 5 e 14 de novembro de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores recenseados em Portugal e foi devidamente estratificada por género, idade e região. Foram realizadas 1906 tentativas de contacto, para alcançarmos 1000 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 52,47%. As 1000 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 3,16% para um nível de confiança de 95,5%. A distribuição de indecisos é feita de forma proporcional. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social que os disponibilizará para consulta online.

