O porta-voz do Livre recomendou ao ministro da Defesa e líder do CDS-PP "mais tento" e "menos traulitada", referindo-se aos portugueses que regressaram no domingo de Israel, considerando que a campanha eleitoral "não justifica tudo".
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"A campanha não justifica tudo, a gente sabe que isto é um bocadinho a natureza de Nuno Melo, mas quer dizer, ele é ministro, devia ter mais tento e menos traulitada, quer dizer, é o que eu aconselharia", recomendou Rui Tavares, à margem de uma ação de campanha para as autárquicas em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto.
Esta segunda-feira, em Ponte de Lima, o presidente do CDS-PP afirmou que não vai "dar mais para o peditório" do que apelidou de "número" dos ativistas portugueses da flotilha humanitária e aconselhou-os a concentrarem-se nas autárquicas.
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Interrogado sobre estas declarações, Rui Tavares, acompanhado pela dirigente bloquista Marisa Matias, considerou que Melo "tem tido uma prestação nos últimos tempos que não está ao nível do que se espera de um ministro da Defesa, de um Governo, na situação internacional que nós temos".
"Até porque, de facto, se a democracia no Médio Oriente que ele defende é o que vimos do ministro [da Segurança Nacional de Israel] Ben Gvir a tentar humilhar as pessoas que eles tinham detido ilegalmente, parece-me que Nuno Melo se deveria tentar distanciar desses exemplos e procurar ser um tipo de ministro de um país da União Europeia que defende os direitos humanos", recomendou.
Tavares disse não ter ficado surpreendido pela receção que os quatro portugueses tiveram no aeroporto de Lisboa, salientando que "as pessoas que se chocam com as violações dos direitos humanos estão em consciência com quem fez alguma coisa para chamar a atenção para essas violações dos direitos humanos".
O líder do Livre alertou para a continuação do conflito em Gaza, mas também lembrou que em breve se assinalará o 7 de outubro e não se podem esquecer "também os reféns que ainda estão no poderio do Hamas, que é uma organização terrorista", realçando que "quem está do lado dos direitos humanos está do lado dos direitos humanos sempre".
Marisa Matias questiona condições do ministro da Defesa
Também a dirigente do BE Marisa Matias acusou o ministro da Defesa e presidente do CDS-PP de não ter a "sensibilidade de perceber as suas funções" e de ter colocado em causa os esforços da diplomacia portuguesa.
"Ter um ministro da Defesa numa posição tão sensível, que parece nem sequer representar as posições do governo, eu pergunto-me se tem condições para ser ministro da Defesa? E parece-me que não. Nós não podemos ter numa pasta tão sensível alguém que não tem sequer a sensibilidade de perceber as suas funções e o que é esperado das suas funções", defendeu Marisa Matias.
A bloquista confessou que espera "muito mais do Governo", nomeadamente sanções a Israel e ajuda humanitária, entre outras medidas, mas realçou estar em causa algo além disso, acusando Melo de colocar em causa os esforços da diplomacia portuguesa para trazer de volta os quatro cidadãos.