O presidente da Liga dos Bombeiros criticou, uma vez mais, o sistema da proteção civil. António Nunes, que esteve presente no funeral de João Silva, o bombeiro que faleceu no domingo, garantiu que se teria demitido, de imediato, perante a morte dos bombeiros.
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"Se nós aceitamos um determinado modelo, temos de tirar as consequências desse modelo. Eu, na minha posição pessoal, se me tivesse acontecido o que está a acontecer, eu ter-me-ia demitido, imediatamente, perante a morte de três bombeiros", afirmou António Nunes, em declarações aos jornalistas, no final da cerimónia fúnebre de João Silva, o bombeiro que faleceu em Oliveira de Azeméis no domingo.
Quando questionado pelos jornalistas sobre quem se deveria ter demitido, o presidente da Liga dos Bombeiros disse que "isso agora cada um vai pensar". "Estes bombeiros representam o que mais nobre há, é a vida. E perderam a vida. Perante essa circunstância, nós não podemos ter nenhuma dúvida sobre o que temos de fazer. Se o sistema falhou, alguém tem de tirar essas conclusões. Eu saberia tirá-las", continuou.
António Nunes negou estar a falar da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco. "Eu não estou a falar ao nível político. Eu estou a falar ao nível que é a coordenação técnico-operacional. Os políticos têm o seu próprio espaço para discutir. Estamos a falar do sistema", rematou.
Estas declarações surgiram após o presidente da Liga dos Bombeiros ter tecido, uma vez mais, duras críticas ao sistema da Proteção Civil, nomeadamente à divisão por sub-regiões. "A liga dos bombeiros já tinha avisado o anterior Governo que perante um quadro deste tipo as coisas poderiam não correr bem e, também, avisamos este Governo. Foi entendido, e nós respeitamos, de que não era altura para se fazer ajustes e agora estamos perante isto: com casas queimadas e com vidas perdidas", afirmou
"Nós defendemos cinco salas regionais, musculadas, adequadas e articuladas", ressavou. Acrescentou, ainda, que a decisão de intervenção, no inicío dos incêndios que assolam Portugal desde domingo, foi demorada. "Não sei houve uma má gestão dos meios. Houve, numa primeira fase, um entendimento, entre o pedido de ajuda e a intervenção, que demorou seis a nove horas".