Conceição Duarte e António Campos receberam um menino de 11 anos que se juntou aos dois filhos e está agora bem integrado na família.
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O casal António Campos e Conceição Duarte cruzou-se várias vezes com o cartaz que aludia à procura de abraços da associação "Mundos de Vida". A busca a que o cartaz apelava suscitou curiosidade a Conceição, embora durante algum tempo não soubesse exatamente do que se tratava. Entretanto, os dois filhos trouxeram uns panfletos da "Mundos de Vida", cujo objetivo era conseguir famílias de acolhimento para crianças em risco. Com esta informação mais detalhada, o "bichinho" de fazer alguma coisa para ajudar que Conceição e António já tinham cresceu. "Já era uma coisa que mexia mais comigo do que com o meu marido. São coisas que nascem connosco. Sempre trabalhei com crianças, sou de uma família de seis irmãos. Se calhar, vem daí", explica Conceição, auxiliar de serviços de educação.
Por isso, um dia, decidiu-se e ligou para a "Mundos de Vida" para saber o que era necessário para ser família de acolhimento, já com o intuito de se propor. O marido, militar da Marinha, quis "seguir em frente" logo que a mulher lhe falou no assunto. E os dois filhos tiveram atitude idêntica. "Tínhamos condições, por isso, disse logo para irmos em frente", conta António.
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Inicialmente, a "Mundos de Vida" promove uma sessão de esclarecimento e, depois, há um programa de formação para preparar os candidatos. António e Conceição, que vivem em Barcelos, fizeram formação em 2011. Entretanto, estiveram alguns anos sem acolher qualquer criança porque, quando se propuseram, referiram que teria de ser um acolhimento a curto prazo. "Não percebemos bem o que aquilo queria dizer. Para nós, tanto fazia a curto ou a longo prazo", dizem. Por isso, logo que alteraram esse requisito receberam um menino de 11 anos. Foi em 2017.
"Tudo se superou"
Já lá vão quase quatro anos que receberam "um filho já grande", que foi "muito bem" acolhido por toda a família, e é tratado como os filhos do casal. "Tudo se superou", dizem, notando que foi necessário ajustar os horários de trabalho por causa da escola, tratar de assistência médica e inscrever a criança em atividades da comunidade. "No início, não vou dizer que foi fácil, mas, quando temos vontade, consegue-se tudo", frisa Conceição, notando que a criança melhorou as notas e a forma de estar ao longo destes anos. O casal sublinha a importância da formação para saberem lidar com situações como a relação com a família biológica ou o momento em que a criança vai embora.
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"Eu já trabalhava com miúdos muito próximos, que andavam seis anos comigo no seu dia a dia e depois iam para o 5.º ano, e já estou um bocadinho habituada a lidar com o desapego", nota Conceição. E António diz estar plenamente consciente de que acolhimento não é adoção. "Só pensamos em ajudar uma criança, acolher é ajudar temporariamente", diz.
"Acredito que quando ele for embora, vamos ficar sempre com ligação e as portas estão abertas para ele", dizem.