"Preocupação" de António Costa deixa escolas apreensivas. Diretores pedem explicações.
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A taxa de positividade dos testes a profissionais de educação do 2.º e 3.º ciclos ronda os 0,2%, a Saúde prepara-se para vacinar 200 mil pessoas no fim de semana e as escolas desconhecem a existência de surtos. Mas muitos profissionais do pré-escolar e 1.º Ciclo continuam sem saber quando serão imunizados e, na terça-feira, António Costa mostrou-se "preocupado" com o ensino presencial.
A 2.ª fase da testagem corre bem, dizem os presidentes de associações de diretores Filinto Lima (ANDAEP) e Manuel Pereira (ANDE). No laboratório Germano de Sousa (o único dos quatro grandes que respondeu ao JN) dos cerca de sete mil testes feitos nas segunda-feira, cerca de 0,2% estavam positivos. O dado é parcelar e provisório, mas é também semelhante ao registado pelos profissionais do 1.º Ciclo.
Apesar disso, o primeiro-ministro apontou o foco ao ensino. "Quanto às escolas, estamos preocupados e a acompanhar muito de perto" o impacto da estirpe inglesa, mais transmissível do que a que circulava no ano passado. "Hoje, havendo um caso suspeito, quando se vai a testar já há vários casos de transmissão".
As palavras caíram mal junto das escolas. "Era bom que António Costa clarificasse o discurso, porque lançou a apreensão junto da comunidade escolar", disse Filinto Lima. O JN questionou o gabinete de Costa, mas sem sucesso. Ao "Público", o investigador Carlos Antunes notava a subida de infeções entre os mais novos e, apesar de a desvalorizar, recomendou uma quebra rápida na transmissão.
Uma forma de o fazer é testando mais e, ontem, a Direção-Geral da Saúde instruiu os médicos de saúde pública a alargarem o universo a testar sempre que é detetado um positivo, disse ao JN Ricardo Mexia, da Associação de Saúde Pública.
Em paralelo, a task force, responsável pelo plano de vacinação, adiantou ao JN que cerca de dois mil profissionais que vivem em locais de baixa densidade populacional serão inoculados em centros de saúde, por não se justificar "recorrer a estruturas de vacinação rápida".
Testagem massiva e mais fiscalização nos próximos dias
O primeiro-ministro anunciou mais testagem e fiscalização da PSP e da GNR nos próximos 15 dias nos 20 concelhos com mais de 120 casos de covid por 100 mil habitantes. A decisão foi anunciada ontem após a reunião com os autarcas dos sete municípios com pior registo de infeção. Ao JN, os presidentes das câmaras de Ribeira de Pena e de Moura insistem na necessidade de alterar a fórmula de cálculo que prejudica os pequenos concelhos.