A Infraestruturas de Portugal vai iniciar a atualização do estudo de alta velocidade entre Braga-Valença, o primeiro troço da linha de TGV entre Porto e Vigo, nas próximas semanas. Esta sexta-feira, foi lançada o concurso público para a conceção e construção do troço inicial da ligação entre Porto e Lisboa.
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O primeiro passo para a construção da linha de alta velocidade entre Porto e Lisboa foi dado esta sexta-feira, com a abertura do concurso público, em regime de parceria público-privada, para a conceção, construção e manutenção da primeira fase entre Porto e Oiã, no distrito de Aveiro. Foi o primeiro-ministro António Costa, que esta semana tem dedicado a sua agenda ao lançamento e à visita de empreitadas na área dos transportes, que carregou no botão para “submeter” o procedimento. Nas “próximas semanas”, a Infraestruturas de Portugal (IP) começará a trabalhar no TGV entre Porto e Vigo, com a atualização do estudo entre as cidades de Braga e Valença.
“Vamos começar, nas próximas semanas, a atualização do estudo do [troço] Braga–Valença, que é a primeira fase da ligação Porto–Vigo. Do lado espanhol estão já também em curso os estudos do traçado da ligação Vigo–fronteira”, declarou Carlos Fernandes. “Em condições normais”, o vice-presidente da IP acredita que será lançado o concurso para a construção da linha entre Braga e Valença “dentro de um ou dois anos”.
Custo de 2 mil milhões
A ligação a Vigo prevê, ainda, um troço (feito maioritariamente em túnel) entre a estação de Campanhã, no Porto, e o aeroporto Francisco Sá Carneiro, na Maia, e uma ligação entre o aeroporto e Braga. A obra só ficará concluída depois de 2030.
Bem antes, estará finalizada a ligação de alta velocidade entre Porto–Soure, composta por dois lotes: Porto–Oiã (cujo concurso foi lançado esta sexta-feira e a despesa rondará os dois mil milhões) e Oiã–Soure. As estimativas apontam para 2028. Até ao dia 30 de janeiro, será entregue uma candidatura ao Programa Connecting Europe Facility for Transport 2 para a obtenção de financiamento europeu de 729 milhões de euros (480 milhões para Porto–Oiã e 249 milhões para Oiã–Soure).
Nova “fase” de Costa
A segunda fase da linha Porto-Lisboa aproximará Soure do Carregado, com conclusão prevista para 2030. Ainda este trimestre, a IP fechará os estudos. Seguir-se-á a avaliação de impacto ambiental e a abertura do concurso, também em parceria público-privada, em 2026.
Quando a linha estiver operacional, a viagem entre a Invicta e a capital será feita numa hora e 15 minutos (ver infográfico). Terá 60 serviços por dia e por sentido. Destes, 17 serão diretos.
O primeiro-ministro voltou a elogiar o difícil consenso político em torno deste projeto como um “sinal de grande maturidade democrática”, aproveitando o momento para ser “politicamente incorreto” e destacar a importância de Portugal reforçar as empresas nacionais de construção civil, apesar de estar inserido na União Europeia, onde o mercado é concorrencial. Palavras que suscitaram um sinal de advertência de um dos secretários de Estado. Costa não o nomeou, mas foi dizendo: “Senhor secretário de Estado, não me faça sinais. Sei que é politicamente incorreto dizer, mas agora cheguei a uma fase da vida em que posso dizer coisas politicamente incorretas”.
Pedro Nuno, o "impulsionador"
António Costa, que até sonhou ser secretário de Estado dos Transportes em 1995 no Governo de António Guterres, não esqueceu o ex-ministro das Infraestruturas e atual secretário-geral do PS. O socialista enalteceu o trabalho de Pedro Nuno Santos, considerando que “foi o grande impulsionador da construção do Plano Ferroviário Nacional e da visão da ferrovia como potencial grande cluster da economia" nacional.