
Estudantes de medicina e enfermagem reforçam equipa de saúde pública de Matosinhos. Médica Janete Henriques
Artur Machado / Global Imagens
De olhos postos no computador e telefone ao ouvido, assim são os dias de Janete Henriques. Recém-formada em Medicina, está no seu ano comum do internato e, nos três meses ao serviço da Unidade de Saúde Pública de Matosinhos, tem a cargo a realização de inquéritos epidemiológicos, de forma a identificar e quebrar cadeias de transmissão da covid-19.
Em caso de sintomas ou teste positivo, há que recuar 48 horas na vida do paciente. Saber onde esteve, com quem esteve, o que fez. Se usou máscara ou não. O processo repete-se dia após dia.
Janete Henriques é uma das jovens de um leque de estudantes ou recém-licenciados em Medicina e Enfermagem que, no contexto pandémico, ajudaram a reforçar a equipa da Unidade de Saúde Pública de Matosinhos.
São mãos extra num serviço onde o trabalho de todos faz a diferença na luta contra a pandemia. Somam-se ainda cinco pessoas contratadas pela Autarquia para auxiliar nos contactos de vigilância ativa e três técnicos de saúde ambiental.
"O volume de solicitações foi tremendo na primeira vaga e agora muito mais. Isso passa pela necessidade de percebermos o contexto de contágio. Exige muita disponibilidade de tempo, porque um inquérito epidemiológico não é algo que possa ser feito em dois ou três minutos", explicou Jaime Batista, delegado de Saúde de Matosinhos.
tarefa avassaladora
A equipa contava com quatro médicos, um interno, dois técnicos de saúde ambiental, três assistentes técnicos e quatro enfermeiros. A pandemia ditou o reforço. Ainda assim, entre os residentes, não há mãos a medir nem tempo para folgar. A doença não distingue feriados, nem fins de semana e a jornada diária passou a ter mais de oito horas. Já lá vão nove meses.
Trabalho não falta. Apesar da divisão de tarefas, todos fazem um pouco de tudo. A Diogo Almeida, interno de Saúde Pública, cabe-lhe a gestão da base de dados. E é responsável por acolher os alunos que chegam. "Não sabem para o que vêm. Explico-lhes que a tarefa que têm à frente é avassaladora, mas a ajuda que vão dar é sempre melhor do que não fazer nada. E terão aqui sempre uma equipa para apoiá-los", referiu.
Matosinhos "é um dos concelhos onde a incidência está a reduzir". De acordo com Jaime Batista, a origem dos contágios verifica-se essencialmente no contexto laboral ou no meio escolar. Desde outubro, já foram colocados em isolamento mais de quatro mil alunos.
Mas os encargos vão muito além da resposta à covid-19. A unidade é um observatório local de saúde que, por exemplo, está em vigilância ativa todo o ano para atuar caso haja uma doença ou um óbito a bordo dos navios que atracam em Leixões.
