Da Esquerda à Direita, já todos concordam que o presidente da República não deve arrastar mais a sua decisão, esperando que ainda esta segunda-feira esclareça se vai indigitar António Costa.
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Sobretudo após Cavaco Silva ter prometido nas audiências que anunciaria a sua solução "muito em breve" e de Passos Coelho ter recusado um Governo de gestão. Se tudo correr como Costa espera, o novo Executivo tomará posse até sexta-feira, até porque já tem a sua equipa definida. Mas a rapidez deste processo depende da agenda de Belém e das diligências que Cavaco possa ainda querer fazer.
Como noticiou ontem o JN, Costa está pronto para apresentar de imediato o elenco governativo a Cavaco, prevendo fazê-lo terça ou quarta-feira se o presidente anunciar hoje a sua indigitação. Deste modo, poderia tomar posse até sexta e o programa seria aprovado no Parlamento na semana seguinte.
PCP e BE têm a mesma expectativa. E até fontes do PSD consideram que o tabu deve ser desfeito quanto antes, embora admitam que Cavaco possa, se assim desejar, atrasar ainda mais o processo. As eleições foram já há mês e meio.
Conselho de Estado seria viável?
Uma reunião do Conselho de Estado é considerada como pouco viável dada a urgência exigida, mas alguns defendem que, após ouvir 24 entidades, seria lógico que Cavaco convocasse o seu órgão de consulta. Até José Sócrates disse que, "se quisesse ser aconselhado", o presidente convocaria este órgão (ler texto na página seguinte). Porém, fonte de Belém disse ao JN não ter qualquer indicação nesse sentido.
A ser anunciada a indigitação de Costa, fontes da Esquerda não acreditam que Cavaco queira associá-la ao simbolismo do golpe militar de 25 de Novembro de 1975. "Só faria sentido para anunciar um Governo de gestão", disse um dos participantes na ronda negocial. Inútil seria também, a seu ver, voltar a chamar os partidos, uma vez que sexta-feira nem exigiu novas garantias.
Quanto ao teor do anúncio, o próprio Passos Coelho insistiu sexta que "cabe ao PS" formar um Governo estável, embora acusando-o de não garantir estabilidade. Avisou que um Governo em gestão é má solução. Se Cavaco escolhesse este cenário iria contra a vontade de Passos. Um Governo de iniciativa presidencial era a terceira via.
Fonte do BE crê não haver motivo para Cavaco arrastar a decisão que já terá tomado, afirmando o que Marisa Matias já disse em entrevista ao JN: que esta demora foi "o tempo necessário para concluir privatizações e fazer nomeações".
Costa aguarda pela indigitação para formalizar convites. É sabido que já definiu a sua equipa. Entre os nomes noticiados estão Mário Centeno nas Finanças; Manuel Caldeira Cabral na Economia; Helena Freitas no Ambiente; Adalberto Campos Fernandes na Saúde; e Eduardo Cabrita como ministro da Presidência ou da Administração Interna. Rocha Andrade é outro nome para esta pasta e Pedro Nuno Santos é indicado para os Assuntos Parlamentares. Vieira da Silva, Vitalino Canas, Margarida Marques, José Apolinário, Maria Manuel Leitão Marques e o juiz José Mouraz Lopes são outros nomes falados.