A plataforma Transgénicos Fora enviou uma carta aberta aos eurodeputados portugueses para incentivar a votação contra a regulamentação dos Organismos Geneticamente Modificados, que podem deixar de ser identificados nos rótulos, caso não sejam feitas mudanças à proposta. A votação no plenário decorre esta quarta-feira.
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Com a proposta aprovada pela Comissão de Ambiente do Parlamento Europeu, deixa de ser obrigatória a existência de rótulos nos alimentos que vêm das plantas geneticamente modificadas. Esta medida, segundo a carta enviada, desafia a própria estratégia definida pela Comissão Europeia “Do Prado ao Prato”. Para além de colocar em causa a estratégia que visa “sistemas alimentares justos, saudáveis e ecológicos”, sem rótulos deixa de ser possível fazer a distinção entre alimentos, que proveem de organismos geneticamente modificados, daqueles que não sofreram alterações em laboratório.
A medida condiciona o direito dos agricultores de escolherem o que querem semear e o controlo dos produtos. A plataforma condena não só estes aspetos, mas também a expansão de utilização destas plantas e a contaminação de outras espécies, “como já está a acontecer com a colza, a luzerna e o milho fora da Europa”, segundo consta na carta aberta.
O objetivo da plataforma Transgénicos Fora é incentivar os eurodeputados a votarem contra a moção, se não forem feitas alterações. As mudanças desejadas passam pela regulamentação dos alimentos e das sementes geneticamente modificadas, com rotulagem dos alimentos, a criação de regras de rastreamento que permitam a diferenciação de outros produtos e os controlos de segurança. Sem as alterações sugeridas pela plataforma, a lei permite que as plantas cheguem à terra e aos consumidores sem terem sido efetuados testes e de forma anónima.
Campanha com quase 120 mil e-mails
Adicionalmente à carta aberta, a plataforma Transgénicos Fora criou uma campanha de e-mails, para que as pessoas possam enviar um e-mail aos deputados a apelar para que os novos Organismos Geneticamente Modificados sejam “avaliados, identificados e monitorizados”.
“Temos o direito de decidir o que comemos e o que cultivamos nos nossos campos!” é a mensagem de incentivo que deixam às pessoas na sua página de internet. O objetivo é atingir os 200 mil e-mails, estando, neste momento, perto dos 120 mil. A campanha termina precisamente esta terça-feira, dia do debate sobre a regulamentação dos novos organismos.
Neste debate, vão ser discutidos vários assuntos, entre os quais a nova regulamentação para a segunda geração de organismos modificados. Enquanto as empresas químicas apoiam a desregulamentação proposta, reforçando os benefícios que estes organismos têm para a sustentabilidade, existe quem não defenda a mesma tese e entende que está a lutar pelos direitos dos agricultores e dos consumidores. A proposta vai ser votada no dia seguinte, 7 de fevereiro.