PS lidera o ranking das perdas, com destaque para as derrotas em Lisboa e em Coimbra, mas minimiza danos com conquistas à CDU. Sociais-democratas deixam de liderar 16 concelhos e resgatam 32.
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A noite das eleições autárquicas trouxe surpresas a boa parte dos munícipes, com mudanças em praticamente um quinto das câmaras. Nos 308 concelhos do território continental e das ilhas, 66 não seguiram a maré dos últimos quatro anos, fosse com a eleição de outro partido ou movimentos independentes.
Contas feitas, o PS é o partido a registar mais perdas, com 34 câmaras a deixarem de ser cor-de-rosa, com especial destaque para Lisboa, Funchal, Coimbra e Barcelos. Ainda assim, o partido do Governo continua a ser aquele que reúne maior representação autárquica, somando 34,23 % dos votos em todo o país, de acordo com os resultados oficiais da noite de domingo. Em sentido oposto, também ganharam autarquias, 22, concretamente. São os casos de Espinho - era social-democrata -, ou de Vila do Conde, que nos últimos quatro anos foi governada por Elisa Ferraz, candidata independente em 2017. O PS também resgatou o poder à CDU, nomeadamente nos municípios de Loures e da Moita.
CDU ficou aquém
O PSD também viu fugir-lhe algumas presidências: destacam-se Vila Real de Santo António, no Algarve, e Póvoa de Lanhoso, no distrito de Braga. Porém, o saldo é positivo, passando a somar mais 16. A noite foi feliz para os sociais-democratas, que conquistaram câmaras importantes ao PS, com destaque para a eleição de Carlos Moedas em Lisboa. No distrito de Évora, em Vila Viçosa, o PSD desalojou a CDU da liderança.
Jerónimo de Sousa admitiu, no final da noite de domingo, que o resultado da CDU ficou aquém das expectativas. Os comunistas perderam, entre outros concelhos, Montemor-o-Novo, Mora e Alvito.
Há mudanças a registar também nos movimentos independentes, que continuam a alterar o panorama político em várias autarquias. Por exemplo, na Golegã, Santarém, os eleitores deram preferência ao movimento "2021ÉOANO", encabeçado por António Camilo, retirando o PS do poder. Já em Ílhavo, no distrito de Aveiro, o Unir Para Fazer (UPF) destronou o PSD. Nas Caldas da Rainha, a estreia do "Vamos Mudar" (VM) pôs fim a 36 anos de governação social-democrata.
Balanço positivo
No entanto, nem tudo correu bem aos grupos de cidadãos que se apresentaram na corrida autárquica. Águeda, por exemplo, voltou a ser social-democrata, depois de a Câmara ser liderada pelo movimento "Juntos por Águeda". No total, os independentes perderam nove autarquias para os partidos, mas conquistaram dez, fechando o ciclo autárquico com um saldo positivo.
Lisboa
A eleição de Carlos Moedas apanhou muitos de surpresa, com uma diferença de 2294 votos de Fernando Medina. O PSD e o PS vão ter o mesmo número de mandatos nos próximos quatro anos na capital.
Porto
O independente Rui Moreira venceu as eleições, mas não reúne a maior absoluta. O presidente da Câmara eleito poderá ter de fazer acordos à Esquerda ou à Direita. Mas tudo indica que não terá a vida facilitada.
Alentejo
Évora foi o distrito com mais alterações no seu mapa político. Foram oito no total. Estremoz, Montemor-o-Novo, Mora, Mourão, Redondo e Reguengos de Monsaraz protagonizaram algumas dessas mudanças.
Açores
Contados os votos, no arquipélago açoriano, quatro autarquias deixaram de ser socialistas e passaram para as mãos dos sociais-democratas: Horta, Santa Cruz da Graciosa, São Roque do Pico e Vila da Praia da Vitória.