"Trocámos o potencial das nossas renováveis por um prato de lentilhas", diz Rangel sobre gasoduto
O PSD criticou, este sábado, o acordo alcançado entre Portugal, França e Espanha com vista à construção de um gasoduto marítimo. Para o vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, o acordo não serve o interesse nacional. "Trocamos o potencial das nossas renováveis por um prato de lentilhas", disse, exigindo que o primeiro-ministro revele os pormenores do acordo.
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"Prejudica o interesse nacional, é um mau acordo e nunca devia ter acontecido", sintetizou, assim, o vice-presidente do PSD, Paulo Rangel, a posição dos sociais-democratas quanto ao acordo alcançado, esta quinta-feira, entre os governos de Portugal, França e Espanha para acelerar as interconexões ibéricas, abandonando o projeto existente, destinado apenas ao gás, por um outro que prevê um gasoduto marítimo para transportar também hidrogénio "verde".
Para Paulo Rangel, a forma como o primeiro-ministro anunciou o acordo, com "triunfalismo", foi semelhante à atitude face às pensões. "Voltou a fazer um anúncio triunfal enquanto omite as perdas graves para Portugal", acusou o vice-presidente do PSD, em conferência de Imprensa, este sábado, na sede nacional do partido. "Isso desqualifica a democracia e fomenta populismos", considerou.
Isto porque os sociais-democratas acreditam que o gasoduto marítimo vai "secundarizar o Porto de Sines" e tirar valor estratégico ao potencial nacional ao nível da produção de energia através de renováveis, com vista à exportação. Algo que só poderia ser feito com a interligação dos Pirenéus, que deixa de existir com o acordo anunciado na quinta-feira.
"Fica em causa o objetivo estratégico de fazer de Sines a porta de entrada do gás liquefeito. Vai ter que competir com sete terminais espanhóis. E ter conseguido, ao menos, as interligações elétricas nos Pirenéus era fundamental para Portugal", sustentou Paulo Rangel.
Para o PSD é, assim, claro que se trata de um acordo com "uma enorme gravidade" para os interesses nacionais. "Ganhou o nuclear francês na eletricidade e ganhou Espanha no gás. Portugal ficou para trás", vincou o vice-presidente do partido.
"Trocámos o valor das nossas renováveis e o potencial do Porto de Sines por um prato de lentilhas. Em linguagem popular, passamos de cavalo para burro. Não será isto areia para os olhos dos portugueses?", atacou, de seguida, Paulo Rangel.
Além disso, não são conhecidos os pormenores do acordo. Rangel deixou claro que o PSD tudo irá fazer, "e nunca esquecerá", junto da Assembleia da República e do Parlamento Europeu para travar o acordo. E exigiu que o primeiro-ministro António Costa revele os pormenores publicamente, uma vez que os sociais-democratas temem que a fatura acabe por ser paga pelos contribuintes.
"Mostre-nos o acordo na íntegra! Há perguntas por responder. Quanto isto vai custar ao país? Que aumentos terão na fatura de energia os portugueses? Quanto tempo vai demorar?", enumerou o vice-presidente do PSD, para concluir: "É um acordo sem prazo, sem preço, que não serve o interesse nacional nem europeu".