Um em cada dez jovens de 18 anos inquiridos no Dia da Defesa Nacional, no ano passado, admitiu participar em jogos de apostas online quatro ou mais horas por dia. A conclusão é do estudo realizado pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) do Ministério da Saúde.
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"São os rapazes, os jovens com escolaridade mais baixa (até ao 9.º ano) e os jovens que trabalham (a tempo inteiro ou trabalhadores-estudantes) que, em 2021, mais referem apostar online", revela o estudo "Comportamentos aditivos aos 18 anos", que abrangeu um universo de 70 374 jovens.
A equipa de investigadores concluiu, contudo, que, em comparação com 2019, todos os subgrupos analisados reduziram para 1% o uso da internet para apostar a dinheiro seis ou mais horas por dia por semana. "Esta diminuição é mais expressiva entre os jovens desempregados (de 18% em 2019 para 12% em 2021) e nas raparigas (de 13% em 2019 para 7% em 2021)."
Um a dois em cada dez jovens (7 037 e 14 074) inquiridos afirmaram ainda utilizar a internet para jogar, embora sem apostar, durante quatro a mais horas por dia. "No que toca à situação face ao trabalho, verificamos uma diferenciação importante entre os jovens que abandonaram os estudos: os que se encontram desempregados jogam mais, jogo em geral, mas os que se encontram empregados jogam mais jogos de apostas, o que poderá estar relacionado com o rendimento disponível."
No universo dos 70 374 inquiridos, no ano passado, metade usava as redes sociais quatro ou mais horas por dia, ou seja, cinco em cada dez jovens. "Em 2021, 99% dos jovens de 18 anos eram utilizadores de redes sociais (98% durante a semana e 97% ao fim de semana) ", refere o estudo do SICAD. Cerca de metade frequentava as redes sociais durante 4 horas ou mais por dia, cerca de um terço durante duas a três horas e a percentagem que utilizava menos de duas horas por dia era "reduzida".
Redes sociais
A utilização de redes sociais é mais comum em raparigas e estudantes, sobretudo do ensino superior. No entanto, são os rapazes, os jovens com escolaridade até ao 9.º ano e os jovens desempregados aqueles que mais declaram um maior envolvimento diário nas redes sociais, durante a semana e ao fim de semana.
Inquiridos sobre os problemas associados à utilização da internet, no ano anterior à realização do inquérito, os jovens referiram problemas no rendimento na escola e no trabalho, de saúde, de comportamento em casa e financeiros. Mencionaram ainda "atos de violência ou conduta desordeira", relações sexuais sem preservativo, e situações de mal-estar emocional. No último caso, esta situação foi mais referida pelas raparigas e pelos estudantes do ensino superior, que usam sobretudo a internet para pesquisar.
Face a estas conclusões, os investigadores identificam como subgrupos que "merecem maior preocupação" os rapazes com escolaridade até ao 9.º ano, pela utilização mais intensiva da internet em redes sociais, jogo e jogo de apostas em dias de semana; e as raparigas com escolaridade até ao 12.º ano, quer estejam a estudar exclusivamente, a estudar e a trabalhar ou desempregadas, pela utilização mais intensiva das redes sociais durante a semana.