Manifestação aconteceu esta terça-feira em Braga, Coimbra e Lisboa. Câmaras de vigilância e reforço do corpo de segurança são alguns dos pedidos feitos.
Corpo do artigo
Não foi com gritos ou chamativos cartazes que esta terça-feira, pelas 18 horas, os estudantes universitários se fizeram ouvir contra o assédio. O ambiente na entrada da Universidade do Minho foi de silêncio e pesar durante cerca de uma hora. O Coletivo Estudantil Feminista da Universidade do Minho (CAFUM) juntou-se ao movimento “Academia Não Assedia” e manifestou-se esta terça-feira às portas da instituição.
Cerca de 30 estudantes rodearam a principal praça da academia minhota. Pouco depois da hora anunciada nas redes sociais, Beatriz Coelho, representante do CAFUM, que momentos antes tinha estendido a tarja identificativa no chão, pega no megafone e dá início ao que, mais do que uma manifestação, pareceu uma vigília.
Por largos minutos, foi lido o manifesto que espoletou a manifestação em causa - e que juntou, à mesma hora, estudantes nas universidades de Coimbra e Lisboa. O mesmo documento já tinha sido partilhado, dias antes, nas redes sociais do movimento. Beatriz Coelho explicou, nos momentos de antecederam a manifestação, que a principal exigência é a de criar um ambiente seguro para todos os estudantes. A dirigente do coletivo lamenta que o projeto que prevê a criação de um núcleo de trabalho contra o assédio na academia “tenha ficado mais de seis meses na mesa do reitor à espera de aprovação”. “Agora o que pedimos é que o processo de desenvolvimento deste núcleo seja mais célere, para que, o quanto antes, sejam postas em prática medidas de prevenção do assédio e de apoio às vítimas.”
A curto prazo, Beatriz Coelho lembra que o coletivo tem referido à reitoria, “com a qual tem sido difícil manter contacto e fazer chegar as reivindicações”, a necessidade de implementar um sistema de videovigilância eficaz nas zonas menos luminosas do campus. O reforço do corpo de segurança privada da instituição é outra medida pedida pelo grupo. “Estamos desde 2021 a reivindicar uma série de ações que, passado mais de dois anos, ainda não foram para a frente.”
Após a leitura do manifesto, e aberto o megafone a quem desejasse falar, Mariana Martins, estudante do primeiro ano do curso de Medicina, chegou à frente do ajuntamento para frisar o descontentamento com um e-mail abertamente antiaborto partilhado na academia na semana anterior, ao qual, diz, não houve qualquer resposta por parte da reitoria da Universidade do Minho. “O e-mail chega mesmo a pôr em causa da segurança das mulheres que exerçam este direito”, referiu Mariana. Em causa está um e-mail enviado por um aluno, através da rede institucional, a toda a comunidade estudantil minhota.
A manifestação, que não teve gritos ou cartazes - além de um pequeno cartão junto ao chão que pedia “Mais segurança e menos incompetência”, terminou poucos minutos após a intervenção da aluna de Medicina. No início do discurso, Beatriz Coelho diz esperar que, na próxima, sejam ainda mais os estudantes reunidos.