A guerra entre Governo e sindicatos devido às urgências regionais está longe de terminar. A ministra da Saúde, que esta sexta-feira disse estar ainda a negociar "algumas particularidades" deste regime jurídico, falou apenas do pagamento das ajudas de custo previstas na lei, após os sindicatos terem denunciado que a proposta que lhes foi enviada pela tutela deixava de fora o suplemento de 500 euros que tinha sido apresentado.
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O novo modelo para as urgências regionais vai arrancar no início do próximo ano, com a primeira a ser implementada na Península de Setúbal para as áreas de obstetrícia e ginecologia. A estreia será no Hospital Garcia de Orta, em Almada, onde ficará centralizada a urgência externa.
A governante explicou que os profissionais que integrem as equipas multidisciplinares das urgências regionais, nomeadamente médicos, enfermeiros e técnicos auxiliares de saúde, "vão manter o seu vínculo laboral" às respetivas unidades locais de saúde (ULS), mas terão de fazer deslocações em serviço para outros hospitais. Neste âmbito, afirmou que o pagamento será feito através de ajudas de custo que a lei já prevê atualmente.
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As reações ao novo regime não tardaram. A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) afirmou que Ana Paula Martins "faltou à verdade aos deputados na Assembleia da República, ao afirmar que não avançaria com medidas de mobilidade forçada de médicos". "Se Luís Montenegro mantiver esta ministra em funções, será conivente com esta falta de verdade e com o desrespeito pelos profissionais de saúde", alertou.
Por sua vez, uma plataforma de cinco sindicatos de enfermeiros ameaça o Governo com "ações de luta" se avançar com as urgências regionais e com os centros de elevado desempenho. "A serem aprovadas e promulgadas tal como estão, alertamos para a rejeição prática dos diplomas pelos enfermeiros e ações de luta posteriores que poderão paralisar um setor já instável e depauperado no mês de novembro e com possibilidade de agravamento no período de férias de Natal e Ano Novo", anunciou.

