A vacinação de utentes com historial de alergias pode acarretar riscos e obriga a um rigoroso escrutínio clínico. As orientações da Direção-Geral da Saúde foram atualizadas em março, determinando a referenciação, prioritária, para consulta de imunoalergologia. Numa especialidade com carência de clínicos, os imunoalergologistas estão agora na linha da frente da campanha de imunização.
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Com a atualização da norma restringiu-se, também, o conceito de alergia, explica, ao JN, Luísa Geraldes, responsável pelo grupo de interesse de alergia a fármacos da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica. Em dezembro, quando a primeira vacina havia sido aprovada para a Europa, estavam indicados para vacinação em meio hospitalar, sem consulta prévia, utentes com historial de alergias a fármacos, mas também a alimentos. Agora, o conceito afinou-se: hipersensibilidade a qualquer um dos excipientes da vacina (o polietileno, por exemplo); reação anafilática a uma dose anterior; ou diagnóstico prévio de anafilaxia idiopática ou reações anafiláticas recorrentes e sem causa aparente.
Um caminho necessário
O processo parece longo a quem o percorre mas, sublinha o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Nuno Jacinto, "havendo dúvidas tem que ser percorrido".
Quando convocados para vacinação, os utentes respondem, no centro de saúde indicado, a um questionário, onde se detalham as alergias. Preenchendo algum dos critérios já referidos, é referenciado, "com caráter prioritário, a serviços de imunoalergologia". Se o imunoalergologista confirmar o achado, o hospital requisita as vacinas para imunização; se não confirmar, segue relatório para o médico de família para reagendamento.
No serviço de imunoalergologia do Hospital de Guimarães, reforçado com mais um clínico, Luísa Geraldes estima cem pedidos nas últimas duas semanas, dos quais 10% acabaram com indicação para vacinação em meio hospitalar. Que, mediante o excipiente, podem tomar a vacina A ou B.
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Escolher qual a vacina
Com quatro vacinas já disponíveis no mercado, "nem todas com os mesmos excipientes", mediante a alergia identificada os médicos podem indicar a vacina A ou B, explica a imunoalergologista Luísa Geraldes.
Hospital requisita
Identificando utentes para vacinação em contexto hospitalar, "a planificação da vacinação será articulada e agendada pelo próprio hospital, solicitando a vacina à Administração Regional de Saúde respetiva", lê-se na norma da Direção Geral da Saúde atualizada a 1 de março.