O número de jogadores em tratamento por adição ao jogo e às apostas online é cada vez maior. Em 2021, estavam 187 pessoas em tratamento ambulatório nas estruturas da rede pública por problemas relacionados com o jogo a dinheiro. O grupo etário mais representativo é o dos 25 aos 34 anos, com 33,7% dos doentes, seguido do grupo dos 35 aos 44 anos (23,5%). No entanto, a faixa etária até aos 24 anos representava já 13,9% das admissões.
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Se tivermos em conta os novos utentes (101 doentes), admitidos apenas nesse ano, a percentagem de menores de 24 anos com assistência médica sobe para 15,8%. "É plausível admitir que uma parte significativa destes utentes utiliza a Internet para as atividades de jogo a dinheiro, como as apostas. Por outro lado, é possível observar uma tendência de subida, quer nos utentes em tratamento contínuo por jogo a dinheiro, quer no número de novos utentes que, em cada ano, procuram ajuda por este tipo de problemas", admite Pedro Hubert ao JN.
O dirigente do Instituto do Apoio ao Jogador garante que há tratamento para o problema de jogo online patológico. Essa é uma das missões do instituto. "Há uma maior dificuldade no tratamento quando os utentes são mais novos, porque os menores nem sempre têm uma dimensão do problema, seja porque são imaturos, irresponsáveis, ou porque, muitas vezes, vêm de famílias disfuncionais. Além disso, pensam sempre que conseguem dar a volta por cima", frisa.
Literacia financeira
Já João Goulão, do SICAD, defende que o flagelo se combate com mais literacia, sobretudo financeira.
"Seria relevante intervir para promover a literacia dos jovens em relação à Internet e às apostas online, aumentando a sua capacidade de decisão esclarecida sobre os comportamentos que devem adotar, bem como estabelecer respostas que atuem aos primeiros sinais de alarme face ao surgimento de um hipotético problema a este nível", defende.
O diretor do SICAD sugere iniciativas que regulem, de forma eficaz, estes fenómenos no espaço virtual, tornando mais seguro o uso da Internet por crianças.
Proibição
Número de jogadores autoexcluídos em máximos
A lista de pessoas que querem ser impedidas de aceder a casas de apostas online atingiu um novo máximo no terceiro trimestre do ano passado. A 30 de setembro, no conjunto das entidades exploradoras, encontravam-se autoexcluídos da prática de jogos e apostas online 138 mil jogadores registados. Face ao período homólogo do ano anterior, são mais 37 mil pessoas. Para o presidente da Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO), os números, que nunca pararam de subir desde que o Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos faz contas à atividade, não são "problemáticos". Pelo contrário, diz Ricardo Domingues, são consequência do "amadurecimento do mercado" e reflexo das políticas de jogo responsável. "O número de jogadores tem vindo a aumentar e, adicionalmente, tem havido um trabalho por parte dos operadores para dar conhecimento das ferramentas de jogo responsável. Temos visto que há jogadores que usam, e muito bem, as ferramentas de autoexclusão para controlar o volume de jogo".