Bruxelas admite debate sobre obrigatoriedade das vacinas contra a covid-19. Imunologista diz que não se justifica em território nacional.
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A evolução do número de casos diários e o aparecimento da nova variante, a ómicron, estão a motivar vários alertas por parte de Bruxelas. Na quarta-feira, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, admitiu a discussão sobre a vacinação obrigatória dentro da União Europeia. No entanto, a líder do executivo comunitário reforçou que a decisão é "uma competência dos estados-membros". Em Portugal, o imunologista Luís Graça defende que a discussão "não é ajustada", tendo em conta a "grande adesão" às vacinas. Pelo menos 86% da população portuguesa tem o esquema vacinal completo, de acordo com o último relatório semanal da Direção-Geral da Saúde (DGS).
Com 150 milhões de cidadãos europeus não vacinados e o registo de mais de cinco milhões de mortes na União Europeia devido à covid-19, Von der Leyen afirmou que é "compreensível e apropriado" liderar a discussão sobre a vacinação obrigatória. "Isto precisa de uma abordagem comum, mas é uma discussão que eu penso que tem de ser conduzida", acrescentou.
Mesmo entre profissionais do setor da saúde ou dos lares, que contactem com pessoas de risco e que recusem ser vacinados, o imunologista não crê que seja um problema. "Temos uma cobertura vacinal que é quase completa e, portanto, existe um entendimento da população das vantagens em relação à vacinação", explica ao JN.
Supera Países Baixos
Foram confirmados 19 casos associados à nova variante em Portugal, relacionados com o surto de covid-19 na equipa do B-SAD. Na União Europeia, o território nacional superou os Países Baixos, que registam 16 infeções da nova variante. Até ao fecho desta edição, havia 64 casos da ómicron no espaço comunitário.
Luís Graça não antevê uma corrida aos centros de vacinação devido ao agravamento da situação pandémica, uma vez que "muito pouca gente não foi vacinada inicialmente". Desde que a DGS começou a emitir um relatório de vacinação diário sobre a dose de reforço, a 29 de novembro, 8482 pessoas completaram a vacinação primária contra a covid-19. Por outro lado, com a entrada em vigor de novas medidas restritivas, que exigem um teste negativo mesmo com vacinação completa em vários espaços (lares e discotecas), o especialista não acredita que a resistência à imunização aumente. "Quando existe alguma incerteza quanto à evolução da pandemia, por uma questão de precaução, pode ser justificável haver medidas adicionais para identificar, de entre as pessoas vacinadas, aquelas em que a vacina não conseguiu evitar a infeção".