A União Internacional de Telecomunicações atribuiu, esta quarta-feira, uma banda de espectro de radiofrequência para seguir os voos em tempo real em qualquer parte do mundo, incluindo os lugares mais remotos.
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Esta decisão foi tomada na conferência mundial da UIT em que participaram 139 países e está ligada ao desaparecimento, em março de 2014, de um avião da companhia aérea Malaysian Airlines, com 239 pessoas a bordo.
O acompanhamento em tempo real dos voos será feito através de sinais monitorizados diretamente pelos satélites para ultrapassar a limitação do sistema atual, em que só se pode receber emissões das estações em terra com sibilidade direta a partir dos aviões.
Isso excluía os aviões que sobrevoavam zonas remotas ou em alto mar, como o avião malaio.
Este sistema de acompanhamento foi escolhido porque a maior parte dos aviões já incluem a tecnologia necessária, o que implica uma redução de custos.
O sinal, emitido pelo avião, será captado pelos satélites que estão atualmente a ser construídos e será amplificado para que seja alcançando pelas torres de controlo em terra.
A partir deste sinal, que será emitido a cada 15 minutos (em cada minuto em caso de emergência), será possível obter dados de identificação, velocidade, direção e localização do avião.
A banda da frequência destinada já é utilizada para fins aeronáuticos e em muitos países com caráter militar, passando agora a ser partilhada pela aviação civil.
"Chegar a um acordo para partilhar esta frequência a nível global tem sido um desafio difícil", afirmou numa conferência de imprensa o diretor da UIT, François Rancy.
Destacou que esta negociação, que durou um ano, numa situação normal teria levado, pelo menos, quatro.
Este sistema, salientou, será adotado tanto por aviões comerciais como privados.
O responsável disse esperar que este acordo avance no prazo de um ano, tempo necessário para que os satélites sejam colocados em órbita.
A organização, a mais importante do mundo no âmbito das tecnologias de informação, está a estudar atualmente a possibilidade de transmitir igualmente a informação das 'caixas negras' dos aviões em tempo real.
Isso iria permitir escutar o que se passa dentro da cabine de voo em tempo real, algo que os especialistas da UIT reconhecem que será necessário aguardar mais alguns anos.