No primeiro trimestre, mercado imobiliário deu sinais de inversão face à forte quebra registada em 2023. Os preços da habitação continuam a aumentar.
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Depois de o mercado imobiliário ter caído em 2023 para mínimos de sete anos - venderam-se 136 499 casas, menos 18,7% do que em 2022-, verificou-se “uma dinâmica um pouco mais robusta” no primeiro trimestre deste ano, diz Beatriz Rubio, CEO da Re/Max.
Este movimento foi alimentado pela “diminuição das taxas de juro no crédito à habitação e pelos resultados positivos das medidas de combate à inflação”, justifica.
Com a procura a recuperar, o preço das casas voltou a acelerar. Nos primeiros três meses de 2024 subiram 2,2% face ao trimestre anterior, uma aceleração em relação aos 1,6% registados entre outubro e dezembro de 2023, diz a Confidencial Imobiliário.
Carlos Santos, CEO da Zome, reconhece que “a descida da inflação, bem como a estabilização e perspetivas de descida das taxas de juro [o Banco Central Europeu já deu sinais de que irá baixar as taxas diretoras em junho], estão a animar o mercado”.
No primeiro trimestre, a mediadora registou um crescimento de 41% no volume de transações, 45% no número de casas vendidas e de 28% na faturação.
O setor “tem vindo a mostrar sinais animadores, de algum crescimento, a apontar para boas perspetivas para o restante ano uma vez que o impacto da subida da taxa de juro já se encontra acomodada”, considera.
A Keller Williams também apresentou dados animadores. A rede imobiliária fechou o primeiro trimestre com uma faturação de 14,3 milhões de euros, um crescimento homólogo de 18%, alavancado num aumento de 14% no número de transações.
Ainda há incertezas
A Engel & Völkers, mais vocacionada para a comercialização de imóveis para o segmento alto, observou “um aumento na atividade, superando consideravelmente o número de transações” face ao primeiro trimestre do ano passado, adianta Juan-Galo Macià, presidente da rede para Espanha, Portugal e Andorra. “O primeiro trimestre deste ano deu sinais de recuperação moderada”, acrescenta.
Apesar dos sinais animadores neste início de ano, há incertezas quanto ao desenrolar da atividade. Beatriz Rubio perspetiva “uma recuperação do mercado imobiliário”, mas considera ser “prematuro determinar a extensão dessa recuperação, uma vez que existem fatores externos e imprevistos que podem influenciar significativamente o cenário”.
Como frisa, o clima de incerteza e de tensão internacional “não favorecem a confiança dos investidores, nem a tomada de decisões a longo prazo”.
Para Juan-Galo Macià, a trajetória de crescimento deverá manter-se, mesmo com as novas regras, como o fim do vistos gold. Já em 2023, “não notámos um impacto significativo relativamente ao tema” dos vistos dourados na Engel & Völkers, diz.
Segundo Beatriz Rubio, o negócio no segmento alto e de luxo mostrou “uma resiliência relativa” em 2023. “Embora não haja dados oficiais disponíveis, a nossa observação indica uma redução de aproximadamente 10% a 12%”, abaixo da queda observada no mercado regular.
A Re/Max Collection, a marca da rede para este nicho, fez quase 4400 transações em 2023, menos 9% face ao ano precedente, com o preço médio de venda de uma casa a rondar os 940 mil euros.