O líder do Chega, André Ventura, acusou o primeiro-ministro de estar "desfasado da realidade" e considerou "puro eleitoralismo" Luís Montenegro anunciar aumentos para os idosos e pensionistas em vésperas de eleições autárquicas.
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"Um primeiro-ministro, que está em funções desde março do ano passado, vir às portas de uma eleição fazer ou inaugurações, como temos visto, ou ir ter com os seus autarcas para fazer inaugurações, pagas com o dinheiro dos contribuintes, ou fazer promessas, ou entregar orçamentos a dois dias das eleições, é puro eleitoralismo em que ninguém acredita", acusou André Ventura, salientando que "os portugueses não são estúpidos".
O líder do Chega falava aos jornalistas antes de uma ação da pré-campanha para as eleições autárquicas de 12 de outubro, em Ansião, distrito de Leiria, e comentava o anúncio do primeiro-ministro, no sábado, de um novo aumento do Complemento Solidário para Idosos (CSI) no próximo Orçamento do Estado, e um suplemento para as pensões mais baixas, caso exista folga.
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O presidente do Chega acusou também Luís Montenegro de estar "desfasado da realidade" ao falar numa renda moderada de 2.00 euros e considerou que todos ficaram "muito incomodados" com as declarações do primeiro-ministro. "É um primeiro-ministro cada vez mais desfasado do que é a realidade dos jovens, das rendas das casas, da imigração, enfim, do país em geral", criticou.
Ventura considerou que o Governo "anda ao ziguezague, sem conhecer o país real e sem saber o que faz falta às pessoas", e contrapôs que, nesta campanha, o Chega "quer conhecer o país real".
"O Governo não sabe o que quer, mas quando chega às eleições tenta sempre mostrar que está a fazer alguma coisa. E as pessoas começam a cansar disso. Por isso é que Montenegro começa a cansar também, porque tudo o que promete não acontece", criticou.
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O líder do Chega considerou o Governo de apenas fazer promessas e reclamou a autoria da proposta de aumento da dedução de despesas com habitação.
"O Governo disse que não dava orçamentalmente, era uma medida muito exigente, aceitavam a nossa descida do IRS, mas não a dedução para a habitação. Agora o Governo veio anunciar exatamente aquilo que o Chega tinha proposto, agora que estamos à beira de eleições", afirmou.
Nesta que foi a única ação do dia do presidente do Chega, André Ventura foi questionado também sobre uma notícia do jornal "Público" sobre uma insinuação por parte do gabinete do primeiro-ministro relativamente à alegada existência de motivações políticas das autoridades que investigam o caso da Spinumviva, o que foi negado por Luís Montenegro.
O líder do Chega considerou que Luís Montenegro "dificilmente poderá associar a Spinumviva a eleições, porque a Spinumviva surgiu num momento em que o país todo pensava que não ia ter eleições tão depressa" e sustentou que não foi este processo "que provocou eleições, foi a ausência de esclarecimentos do primeiro-ministro".
O Chega candidata o gestor empresarial Edgar Ramalho à presidência da Câmara Municipal de Ansião, que é liderada pelo PS - nas últimas autárquicas, em 2021, os socialistas obteve quatro mandatos e o PSD os três restantes.
Os socialistas recandidatam o atual presidente da Câmara, António José Domingues, a um terceiro mandato, enquanto o cabeça de lista do PSD é Jorge Cancelinha.