Ventura pede ao PSD para varrer Esquerda e falha eleição de vices no Parlamento
Chega diz à AD para ignorar “espetro que já não serve para nada”, cavalgando tolerância que Aguiar-Branco prometeu. Dois candidatos que indicou para a Mesa foram chumbados.
Corpo do artigo
Os apelos ao consenso na primeira sessão plenária contrastaram com o “repto” que André Ventura fez a Luís Montenegro para ignorar as “balelas de Abril” e a Esquerda, que disse já não servir “para nada” no Parlamento, enquanto fazia um sinal de varredura das respetivas bancadas. Isto depois de Aguiar-Branco ter afirmado que não lhe cabe a si fazer “o juízo sobre o que se diz” no hemiciclo, mas sim, “aos cidadãos”. A recondução do presidente da Assembleia foi viabilizada por PS e Chega, mas o deputado que este partido indicou para vice-presidente, Diogo Pacheco de Amorim, falhou a eleição, ao contrário dos candidatos do PSD, do PS e da IL. Também do Chega, Filipe Melo não conseguiu ser eleito vice-secretário da Mesa.
Pacheco de Amorim foi o único dos quatro vice-presidentes a falhar a reeleição. Teve 115 votos a favor (menos um do que precisava). Só um nome do Chega, Gabriel Mithá Ribeiro, garantiu a votação para ser secretário. Aguiar-Branco explicou que os membros em falta serão eleitos no próximo plenário. Como vice-presidentes, foram reeleitos Teresa Morais (PSD), Marcos Perestrello (PS) e Rodrigo Saraiva (IL).
“Traição pelas costas”
Ventura disse que apresentará “novas candidaturas”. Ouviu o presidente do PS, Carlos César, “dizer que tinha dado indicação para que também os do Chega fossem votados”. Mas houve “um espetáculo deprimente e uma nova traição pelas costas”, uma “tentativa de cordão sanitário”.
Aguiar-Branco foi reeleito, com apoio de PS e Chega, com 202 votos a favor, 25 brancos e três nulos. Afirmou que será “uma das legislaturas mais exigentes da democracia”. Dando como exemplo os deputados constituintes há 50 anos, pediu consenso, que “continua a ser possível”.
Defendeu “liberdade de expressão” e prometeu que os membros da Mesa serão “equidistantes e respeitadores de todos os eleitos”. Garantiu que não verão nele qualquer “sinal de agressividade e hostilidade em relação a outro deputado”, independentemente “do que diga ou pense”.
O líder parlamentar interino do PS, Pedro Delgado Alves, pediu imparcialidade a Aguiar-Branco e avisou que a democracia não é “um dado adquirido”. “É sempre uma flor frágil e preciosa que precisa de ser protegida” dos “opositores externos e internos”.
Ventura radicalizou depois o discurso: “Dirijo-me ao partido mais votado, deixando-lhe o repto de que não desista e não tenha medo. Não desista das reformas de que o país precisa agora que nos livramos de todo aquele espetro que já não serve para nada neste Parlamento”. Insistindo em rever a Constituição, disse estar “farto de minorias com privilégios”.
Pelo PSD, Hugo Soares disse ser preciso “cuidar” do “prestígio das instituições” e que isso não se consegue com “proclamações” ou com luta “mais agressiva ou até desrespeitosa”.
“Na casa da democracia”, o Livre diz que “não podemos deixar passar o discurso do ódio” e o PCP recusa “lugar à ofensa, injúria, discriminação e ódio”.