O presidente do Chega, André Ventura, prometeu repor o tempo de serviço dos professores em quatro anos, este domingo, no discurso de encerramento do congresso do Chega. Em 45 minutos de promessas que visaram grandes grupos sociais, Ventura anunciou ainda “um banho de ética e transparència” se formar governo.
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Os grandes grupos sociais e profissionais foram os principais destinatários do discurso de André Ventura, no encerramento da VI Convenção do Chega, este domingo de tarde, em Viana do Castelo. Em quase uma hora falou de Sá Carneiro duas vezes e prometeu melhorar a vida de idosos, utentes do Serviço Nacional de Saúde e professores, contra os imigrantes “que não vêm por bem” e os “subsidiodependentes”.
“Em quatro anos, o Chega recuperará o tempo de serviço dos professores, conforme merecem e conforme Portugal merece”, prometeu. Refira-se que o PS e o PSD também defendem a reposição, mas em cinco anos, no caso dos social-democratas, e os partidos de Esquerda são favoráveis à reposição imediata.
Na saúde, que Ventura classifica como “o maior falhanço do PS”, anunciou que quer “revitalizar as parcerias público-privadas nos hospitais para que o público e o privado convivam em harmonia”. Garantiu, ainda, que quer estabelecer limites máximos para a espera por consultas de maneira a que, ultrapassado o prazo, os utentes sejam encaminhados “para o setor social e privado”.º
Lucro dos bancos para apoio ao crédito
Para ajudar a resolver a crise na habitação, Ventura quer taxar os lucros dos bancos e destinar as verbas para apoios: “Não são os contribuintes que vão pagar, será a banca e os seus lucros que vão pagar aos portugueses o seu crédito à habitação”. O argumento é o de que o Estado já salvou bancos na última década, “desperdiçando centenas de milhões de euros dos nossos impostos”. Por isso, os bancos “podem fazer um pequeno sacrifício e ajudar os portugueses”, disse.
Neste momento, atirou ao PS e ao PSD que “não foram capazes de combater os interesses instalados em Portugal”. Assim, prometeu que vai dar “a esta República um banho de ética e de transparência contra os interesses instalados em Portugal”.
Depois, André Ventura afirmou-se “absolutamente radical contra a corrupção e contra o compadrio”, e anunciou que vai propor que “todos os políticos condenados por corrupção fiquem impedidos para sempre de exercer cargos políticos”. Além disso, quer o fim das portas giratórias do Estado para os privados: “Tentaremos na Assembleia da República que todos aqueles que, sendo ministros ou secretários de Estado, tenham, em nome do estado, feito negócios com pessoas ou empresas, não possam mais na vida trabalhar nessas empresas”.
O líder repescou promessas já anunciadas durante o congresso, como a equiparação das pensões mínimas ao salário mínimo no prazo de seis anos, ou a atribuição do subsídio de risco dos agentes da PSP e militares da GNR aos da Polícia Judiciária.
Reverter SEF e lei da nacionalidade
Para uns houve promessas e para outros avisos, com os imigrantes “que não vêm por bem” em pano de fundo. O Chega quer reverter a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a lei da nacionalidade “para que ninguém possa entrar, estar ou ser português sem saber falar a língua e sem conhecer a cultura portuguesa”.
Estabeleceu ainda um “compromisso solene de que a fiscalização à subsidiodependência vai ser uma realidade em Portugal”. Lembrou que Portugal gasta 400 milhões de euros por ano em Rendimento Social de Inserção (RSI) para “centenas de milhares de subsidiodependentes”. Na verdade, o Estado gasta 360 milhões de euros por ano em RSI e há 185 mil beneficiários atualmente. Sem referir os cidadãos de etnia cigana que normalmente acompanham o discurso da subsidiodependência de André Ventura, o líder afirmou: “Todos sabemos de quem estamos a falar”.
"Que moral tem Pedro Nuno Santos?"
No plano político-partidário, Pedro Nuno Santos foi o principal alvo, até porque o líder socialista tinha dito este domingo de manhã, na Madeira, que o congresso do Chega era “o congresso da mentira e da manipulação”. Ventura sentiu-se atingido e respondeu: “Que autoridade tem um homem que governava o país pelo Whatsapp? Que acordou um dia e disse que o aeroporto era ali, para depois à tarde ser desmentido pelo primeiro-ministro? A mentira e a manipulação não cabem neste congresso, mas cabem que nem uma luva em si e no PS, Pedro Nuno”.
Francisco Sá Carneiro foi chamado à liça no início e no fim. Primeiro, quando André Ventura o citou, dizendo: “O que não posso, porque não tenho esse direito, é calar-me, seja sob que pretexto for”. Por fim, o líder do Chega comparou-se ao falecido líder do PSD: “Sinto-me tão pronto hoje para ser primeiro-ministro de Portugal como sentia Sá Carneiro quando se candidatou em 1979. E estou tão pronto a dar a vida por este país como ele estava”.